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15 de dezembro de 2016 | 07:56

Neto de olho na sucessão da Assembleia, por Raul Monteiro

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Em mais um sinal de que cuida de seu mandato de prefeito sem descuidar de seus planos políticos futuros, especialmente aqueles que passam pela sucessão estadual de 2018, ACM Neto (DEM) almoçou na última terça-feira com a bancada de oposição ao governo na Assembleia Legislativa. Oficialmente, o objetivo de Neto era retribuir uma visita que os deputados oposicionistas fizeram a ele logo após a sua reeleição, em outubro do ano passado. Mas, no fundo, o prefeito queria dar mais do que uma demonstração de que prestigia “sua base” no Legislativo.

O democrata não esconde de ninguém que está de olho no processo sucessório da Assembleia, onde o atual presidente Marcelo Nilo (PSL) pretende disputar o seu sexto mandato consecutivo. E, dentro deste cenário, que o mais importante neste momento é manter a bancada oposicionista coesa, de forma a que possa valorizar a posição dos seus deputados no momento da eleição para a renovação do comando do Poder, que ocorre só em fevereiro do ano que vem. O curioso é que as hipóteses avaliadas vão desde o próprio Nilo, um governista, a até nomes como o do deputado Angelo Coronel, do PSD, partido também da base do governo estadual.

Na atualidade, os oposicionistas acham que o nome mais forte, no momento, para enfrentar o atual presidente é o de Coronel, mas não descartam o surgimento de outros, a exemplo dos de Nelson Leal (PP) e Adolfo Menezes (PSDB), nem a hipótese de terem que descarregar seus votos no atual chefe do Legislativo estadual. “Marcelo Nilo não deixa de ser uma hipótese de voto da oposição, mas só será se não houver outra”, diz um deputado estadual oposicionista que diz estar alinhadíssimo com os planos do prefeito para a Assembleia.

Na prática, isto significa que Neto não vê grandes dificuldades de apoiar Nilo e, inclusive, estabelecer uma relação direta com ele por meio da sucessão. O prefeito já disse a correligionários que, se o grupo oposicionista não conseguir apresentar um nome com chances efetivas de vitória, é melhor deixar Nilo onde está, uma vez que o atual presidente pode também se constituir num pólo de dificuldades para a montagem da chapa do governador Rui Costa (PT), de quem é hoje aliado, em 2018. Neste caso, favorecendo os planos sucessórios do próprio Neto.

Ele se refere à pressão que o atual presidente da Assembleia exerceu durante a composição da chapa de Rui em 2014, na qual achou que poderia ocupar a vice, momento em que se desentendeu com o então governador Jaques Wagner (PT). Este é um dos motivos porque Neto defendeu duas posições no almoço de terça: que os deputados se mantenham coesos, porque seus votos são fundamentais à eleição de qualquer nome em fevereiro, e deixem para trás a ansiedade, uma vez que ainda há muito tempo para discutirem o assunto até o momento da eleição.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro
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