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19 de dezembro de 2016 | 07:23

Eron e Otto Filho são pensados para chapa de Neto, por Raul Monteiro

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Cresce a aposta em segmentos que apoiam o prefeito ACM Neto (DEM) de uma chapa alternativa, liderada por ele, à sucessão estadual de 2018. Ao invés de comportar um aliado como o PMDB para a candidatura ao Senado, o grupo enfrentaria a chapa do governador Rui Costa (PT) tendo em seu lugar o PRB, o qual indicaria a hoje deputada federal Tia Eron para disputar a senatória, ao lado do tucano Jutahy Magalhães Jr., e trabalharia para trazer um nome do PSD para a vice do prefeito. O quadro mais pensado para a posição é o filho do senador Otto Alencar, Otto Filho.

É claro que, para a ideia ser bem sucedida, Otto precisaria romper sua aliança com o governador Rui Costa, a qual dá até agora demonstrações de solidez, mas a hipótese de uma chapa encabeçada por Neto com a participação do PSD é também um sinal de que, em termos de avaliação de cenários para a próxima sucessão ao governo do Estado, o grupo do prefeito não para quieto, projetando as composições que podem dar a vitória mais facilmente ao candidato democrata num momento em que o PT jogará todas as fichas para manter intacto seu poder na Bahia.

As especulações que estimam a presença do PRB e do PSD na futura chapa do prefeito partem da premissa de que o PMDB e seu candidato potencial ao Senado na chapa do prefeito, Geddel Vieira Lima, saiu ferido de morte do episódio em que teve que pedir demissão do ministério da Articulação Política do governo Michel Temer e, mais recentemente, do vazamento do acordo de pré-delação do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, que pintou para os investigadores um quadro demolidor da figura do peemedebista.

É claro que, para produzir o efeito de afastar definitivamente Geddel das conversações com vistas à participação na chapa de Neto, a pré-delação de Cláudio Melo terá que ser homologada e, mais do que isso, todo o seu depoimento sobre o peemedebista confirmado. O problema é que, antes disso, o ex-ministro já saíra bastante machucado do caso em que seu ex-colega de ministério Marcelo Calero o acusou de o ter pressionado para liberar um empreendimento imobiliário na Ladeira da Barra em que havia comprado um apartamento, no qual apanhou diuturnamente da Rede Globo por uma semana até finalmente deixar o governo.

Na semana que passou, por exemplo, o relatório da Comissão de Ética da Presidência encarregada de analisar o caso Geddel foi igualmente desfavorável ao peemedebista, produzindo mais um fato desagradável para ele. Para os mais otimistas, no entanto, muita água ainda vai rolar debaixo da ponte até 2018, o que pode, no limite, favorecer o ex-ministro com o tradicional esquecimento que acomete o eleitorado. Não pensam assim, no entanto, partidos que veem na queda do peemedebista a chance de integrar a futura chapa de Neto, ocupando o lugar que parecia reservado exclusivamente para ele.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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