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Prefeito ACM Neto 14 de novembro de 2016 | 07:17

A aliança “transmunicipal” de Neto para 2018, por Raul Monteiro

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Um encontro entre ACM Neto (DEM) e o prefeito eleito de Camaçari, o também democrata Antônio Elinaldo, na semana passada, no gabinete do primeiro, em Salvador, selou publicamente um pacto de cooperação entre ambos cujo objetivo maior é a sucessão estadual de 2018.
Todos sabem que, com o apoio concreto do prefeito de Salvador, Elinaldo liderou na mais rica cidade da Região Metropolitana o bem- sucedido projeto de derrota da hegemonia petista no município que se estendia já por 12 anos. Só não percebeu a estratégia desde a campanha quem não quis.

Ocorre que, ao contrário do futuro colega de Salvador, o prefeito eleito de Camaçari não possui formação nem muito menos a experiência de gestor que em Neto existe, quatro anos depois de ter assumido o comando da Prefeitura de Salvador e de ter conseguido se reeleger agora com 74% dos votos, de sobra. Se falta a Elinaldo instrumental mínimo para o desafio monumental que se aproxima, pelo visto o futuro gestor tem de sobra humildade e, melhor do que isso, a sabedoria capaz de lhe fazer entender que, para conseguir um mínimo de sucesso na empreitada, terá que contar com o apoio de Neto.

Se mantiver bem calibrado o entendimento de que precisa do prefeito de Salvador para evitar uma enrascada e, além disso, obter o sucesso que poderá lhe garantir, por exemplo, a reeleição, Elinaldo não terá dificuldades para não só pedir todo e qualquer tipo de aconselhamento relacionado à gestão como abrir espaço para que o prefeito de Salvador o auxilie, inclusive, na identificação e indicação de nomes para o secretariado.

Neste ponto, os dois têm dois interlocutores em comum que são verdadeiras mãos na roda. Um deles é o deputado federal Paulo Azi, do DEM, que acreditou e apostou na eleição de Elinaldo desde o princípio.O outro é o vice-prefeito eleito José Tude, que foi fundamental na vitória de Elinaldo e, apesar de pertencer ao PMDB do ministro Geddel Vieira Lima (Articulação Política), tem canal direto com ACM Neto desde o tempo em que seu avô dava as cartas políticas na Bahia.

Ex-prefeito de Camaçari e gestor experiente, Tude participou de estratégia semelhante que teve como centro o próprio ACM na década de 1990. Era o momento em que o ex-senador tentava voltar ao poder depois da derrota fragorosa de seu grupo político para a onda Waldir Pires, de 1986. Na época, com a Prefeitura de Camaçari na mão, Tude foi um dos pilares de sustentação da bem montada estratégia que fez ACM retomar, de forma triunfal, o controle do Estado, o qual só perderia em 2006. Vem desse período a avaliação de que, aliado a outros fatores, o controle do município sempre foi um ponto de partida fundamental para a conquista do governo do Estado.

Basta lembrar a coincidência entre a conquista de Camaçari pelo PT, em 2004, por meio da candidatura de Luis Caetano, e a eleição de Jaques Wagner ao governo dois anos depois, mesmo com as conhecidas queixas do primeiro de que o segundo não se envolveu em sua campanha na medida do que esperava.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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