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Candidato Isidório, o "doido", deixa a TV Bahia 30 de setembro de 2016 | 20:10

O estrago do “doido”

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Apostar num “doido” é um troço arriscado. Quando você acha que o cidadão tem todos os motivos para virar à esqueda, sem razão aparente, ele vai para a direita. Ou empaca pelo meio, ao centro, transformando todas as suas expectativas num redondo fracasso. Ou então quando você espera que o cara possa te defender numa briga, ele surpreende com um golpe inesperado em seu queixo.

O “doido” candidato do PDT a prefeito, Sargento Isidório, um dos três nomes articulados pelo PT para fazer o enfrentamento ao projeto de reeleição do prefeito ACM Neto (DEM) neste domingo, é um caso típico. Ocorre que o “doido” não é só “doido”. A lacuna maior de sua candidatura está mesmo na falta de preparo para a disputa e, Deus nos livre, para administrar a terceira capital do país.

Sua atuação no debate de ontem da TV Bahia nem a Bíblia, que ele foi proibido de ler, nem o Senhor Jesus poderiam salvar. Afinal, não ocorrem milagres todos os dias nem bençãos se distribuem assim aos que não fazem a sua parte. Com linguagem rudimentar, dificuldade de raciocínio e expressão, Isidório não conseguiu sequer fazer rir, saída que se mostraria criativa para suas evidentes limitações.

Dificuldades que só os criadores de sua candidatura se negaram a ver desde o princípio e é possível que, por algum tipo de cegueira conveniente ou mesmo sadismo, evitem ainda agora enxergar. São eles os responsáveis por aquele show com que se brindou os telespectadores que ligaram suas TVs ontem na expectativa de assistir a um debate destinado a discutir os rumos da cidade e o impacto da crise sobre seus munícipes.

Acuado por um cenário e expectativas certamente muito além das que poderia atender, Isidório num dado momento atacou a classe política a que pertence, “tudo uma desgraça”, e defendeu não só o “Fora, Temer” como o “Fora, Dilma”, a “ex-presidenta” do coração de seus inventores. Ainda disse que petistas deveriam ir para a cadeia. O pior é que não conseguiu se mostrar mais autêntico por isso. É de se pensar se não teria sido melhor para os criadores da peça terem investido em um Rogério Daluz, do PRTB, por exemplo.

Impedido de participar do programa porque seu partido é nanico, portanto, muito menor e menos representativo que o PDT de Isidório, o folclórico Daluz com certeza não acrescentaria nada à discussão, tal qual o candidato pedetista. Mas já que a proposta era esculhambar mesmo, poderia pelo menos, em determinados momentos, ter ajudado a descontrair a audiência com suas tiradas engraçadas.

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