25 de agosto de 2016 | 15:15

Caso impeachment se confirme, mercado financeiro espera avanço na reforma fiscal

economia

O afastamento definitivo de Dilma Rousseff, no julgamento que começa nesta quinta-feira, 25, no Senado, já deve estar “totalmente ou quase que totalmente” embutido nos preços dos ativos brasileiros, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em um e-mail enviado nesta quinta. O principal índice da bolsa brasileira, por exemplo, acumula valorização de mais de 30% neste ano, refletindo o otimismo do mercado financeiro com uma possível mudança de rumo no comando político. Com os preços praticamente já refletindo a saída da petista, Ramos afirma que o mercado agora vai se focar na “disposição e na capacidade” do governo de Temer de “acelerar e aprofundar” o ajuste fiscal. Por isso, as articulações do peemedebista no Congresso para aprovar as medidas devem ganhar especial atenção de investidores e analistas. “O fracasso para dar passos tangíveis em direção à consolidação fiscal pode desencadear uma dinâmica adversa do mercado”, afirma Ramos. Para o economista do Goldman, o mercado deve reagir positivamente em três situações. A primeira é que o governo de Temer não ceda a pressões de grupos específicos para aumento de gastos e outras concessões que possam comprometer as contas fiscais. O segundo fator seria uma rápida aprovação no Congresso da proposta de emenda constitucional que fixa um teto para o aumento das despesas públicas, sem muitas mudanças no texto proposto pela equipe econômica. Uma agenda forte de reforma da previdência, com possibilidade de ser aprovada na primeira metade de 2017, é outro fator que pode desencadear reação positiva dos mercados, ressalta o economista do Goldman. Ramos acredita que o “fim da saga do impeachment” de Dilma deve estimular o presidente em exercício, Michel Temer, que passa a ser o presidente efetivo, a acelerar o ajuste fiscal e propor medidas mais profundas. Contudo, o grau de apoio do peemedebista no Congresso para a aprovação de propostas mais sensíveis e impopulares ainda não está claro, avalia o economista. “Não ficaríamos surpresos de ver o conteúdo e a estrutura de algumas medidas fiscais enfraquecidos no Congresso.”

Agência Brasil
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