A rejeição que efetivamente causa espécie é a que envolve os chamados candidatos do governo 25 de agosto de 2016 | 07:42

A rejeição segundo o Ibope, por Raul Monteiro

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O que a primeira pesquisa Ibope sobre a sucessão municipal, divulgada na última segunda-feira pela TV Bahia, trouxe de novidade não foi a constatação do favoritismo do prefeito ACM Neto (DEM), já antecipado por vários levantamentos realizados antes mesmo do início da campanha. Com efeito, associados, os números relativos às intenções de voto no democrata e à aprovação à sua gestão criam a forte expectativa, ao dia de hoje, de que o prefeito se reeleja já no primeiro turno, derrotando não apenas os adversários, como a estratégia desenhada pela articulação política do governo Rui Costa (PT).

Na verdade, os dados que mais surpreenderam na sondagem, a primeira de uma série que o instituto pretende realizar na capital baiana até as eleições, foram os relativos ao nível de rejeição dos adversários do prefeito, a grande maioria dos quais desconhecidos do grosso do eleitorado. Não se incluem no time nomes que já integram o folclore político local, como o do eterno candidato Da Luz (PRTB), rejeitado por quase 50% dos entrevistados, sentimento igualmente expresso, aliás, no baixíssimo índice de intenção de votos que registra, de apenas 1%, apesar de ter se tornado, por força de participação em inúmeros pleitos, figura já conhecida.

A rejeição que efetivamente causa espécie é a que envolve os chamados candidatos do governo, turma na qual estão a deputada federal Alice Portugal, do PCdoB, o deputado estadual Sargento Isidório (PDT), e o ex-superintendente da Sucom, Cláudio Silva, do PP. Dos três, Isidório é o campeão, com 41%, seguido por Alice, com 24%, e Cláudio, com 21%. Os números superam em muito as intenções de voto registradas para cada um, numa demonstração também de que ainda não se tornaram conhecidos do eleitorado, o que torna a resistência a seus nomes ainda mais significativa. Ao final de sua gestão, Neto, por exemplo, é rejeitado por 13%.

Um capítulo à parte pode ser escrito pelo candidato pedetista, no qual correligionários do governador apostavam suas fichas como um verdadeiro fenômeno para ajudar a empurrar a eleição para uma decisão de segundo turno, sob o argumento idílico de que trata-se de uma figura popular. Pelo contrário, a serem verdadeiras as projeções do Ibope, o pastor-deputado Isidório, mantendo no horário eleitoral e, eventualmente em debates, a performance histriônica que os governistas defendem ser genuína, mas pelo visto não engana ninguém, vai chegar a 3 de outubro precisando de muita oração para assimilar o próprio fiasco.

Num contexto como o desenhado pelo Ibope, dúvidas recaem sobre a posição que Rui Costa adotará em relação ao seu time. Se debruçou-se sobre o assunto, o instituto não divulgou, mas vários outros levantamentos têm apontado o prestígio ascendente do governador em Salvador, notadamente em decorrência das ações que tem feito na cidade, muitas vezes em concorrência direta com o prefeito. Estaria o governador disposto a colocar a mão sobre correligionários tão rejeitados neste momento, correndo o risco de assumir um desgaste que não lhe pertence? Só, de fato, a continuidade da campanha poderá revelar.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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