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Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) 25 de julho de 2016 | 07:48

A piada pronta da Olimpíada, por Raul Monteiro

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Só mesmo a típica megalomania tupiniquim para justificar a realização de Olimpíada num país pobre e desorganizado como o Brasil, com seu desfile patético da tocha pelas ruas, coberto com ufanismo obsoleto pela Rede Globo. A mesma Olimpíada que levou a Grécia à falência. Não bastou o fiasco em que se transformou a Copa do Mundo no país, cujo legado maior é uma dívida astronômica do poder público, a turbinar o desajuste fiscal, e um sem número de suspeitas envolvendo a maioria dos estádios, com raríssimas exceções, nas quais se incluem, por sinal, a Arena Fonte Nova.

Obrigar os brasileiros a assistirem o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), a atuar como garoto-propaganda da Olimpíada é, de fato, um excesso. O mesmo prefeito na gestão de quem o que seria um dos legados dos Jogos Olímpicos, uma ciclovia no lindo bairro de São Conrado, foi tragada pelo mar, levando consigo duas vidas. Com suas entrevistas, em inglês à CNN e a programas da Globo News, Paes não convence ninguém com sua verborragia. O desastre da poluição da Baía da Guanabara é o maior exemplo de que o Rio e o Brasil não estão preparados para esse tipo de festa nem as utilizam em benefício de seu povo.

Aliás, a Olimpíada enterra definitivamente o argumento, que muitos utilizaram por ocasião da Copa, de que eventos com esta dimensão e projeção são um momento excepcional para o país atrair investimentos e financiamentos internacionais que podem ajudar a mudar a face da nação. Se alguma vez existiram, não tendo passado de uma mera alegação para enganar os trouxas, estas janelas de oportunidade se dissiparam tão rápido que delas, no caso da Copa, só nos resta, de fato, a herança da dívida imensa que os brasileiros terão que pagar por meio de impostos cada vez mais escorchantes, o que deve se repetir com estas Olimpíadas.

O bate-boca entre o prefeito e as delegações estrangeiras devido à cada vez mais evidente inadequação da Vila Olímpica é um espetáculo à parte. Dos primeiros a chegar, os australianos classificaram o lugar de “inabitável” e rumaram para um hotel, alegando que só voltam quando tiverem garantia de segurança – porque roubos já começaram a acontecer – e o conserto de vazamentos em pias, sanitários, escadas e tubulações de gás. Um vexame! Detalhe: a Vila foi construída pela iniciativa privada mediante financiamento de R$ 2,33 bilhões da Caixa Econômica Federal. Assim é uma beleza. Para políticos e empresários.

Nó em éter

Os políticos podem até criticar a operação política de Rui Costa (PT), mas é forçoso reconhecer seu trabalho para manter a gestão sob controle num quadro economicamente tão desfavorável quanto o que a Bahia, embalada pelo Brasil, atravessa e ainda encontrar condições para colocar em funcionamento empreendimentos como o Centro de Operações e Inteligência de Segurança Pública 2 de Julho, um primor de alta tecnologia que permite o monitoramento em tempo real de todo o Estado com mais de mil câmeras integradas em sistema, o que o torna o maior do gênero na América do Sul. Para o bem dos baianos, o governador – está provado – é do tipo que dá nó em pingo de éter.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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