Foto: André Dusek / Estadão
Empresário José Antunes Sobrinho, sócio do Grupo Engevix 26 de junho de 2016 | 09:15

‘Pagou não seria chamado’, diz empreiteiro sobre CPI

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O empresário José Antunes Sobrinho, sócio do Grupo Engevix, declarou ao juiz federal Sérgio Moro que durante uma reunião, em 2014, na casa do então senador Gim Argello (PTB/DF), em Brasília, ouviu pedido de ‘doação’ no valor de R$ 5 milhões em troca de não ter que depor na CPI Mista da Petrobrás, em curso no Congresso naquele ano. Sobrinho definiu a estratégia de pressão adotada por Gim Argello que agia supostamente em nome da CPI Mista da Petrobrás, chantageando empreiteiros. “Pagou não seria chamado”, disse Sobrinho. “Deixando de pagar seria chamado”. O empreiteiro depôs na sexta-feira, 24, como testemunha na ação penal contra Gim Argello, preso na Operação Vitória de Pirro, desdobramento da Lava Jato. José Antunes Sobrinho também é réu da Lava Jato, mas em outro processo na Justiça Federal do Rio – decorrente da Operação Radioatividade, que em julho de 2015 prendeu o almirante Othon Pinheiro, ex-presidente da Eletronuclear acusado de recebimento de R$ 4,5 milhões em propinas nas obras da usina de Angra 3. Sobrinho negociou delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal, mas o acordo não foi fechado. Na audiência do processo contra Gim Argello, realizada sexta na Justiça Federal de Curitiba – base da Lava Jato – Sérgio Moro indagou do empreiteiro se o então senador cobrou R$ 5 milhões de cada empresa ou R$ 5 milhões de todas as empresas citadas na CPI Mista da Petrobrás. “Cinco milhões pra cada empresa que viesse a participar, ou seja, se são oito empresas seriam R$ 40 milhões”, respondeu enfaticamente Sobrinho. A Operação Vitória de Pirro descobriu que a UTC Engenharia, do empreiteiro Ricardo Pessoa – condenado nesta sexta a oito anos e dois meses de prisão – atendeu à solicitação de Argello e repassou R$ 5 milhões. A OAS, outra empreiteira alvo da Lava Jato, pagou R$ 350 mil que foram parar na conta de uma igreja de Taguatinga, no Distrito Federal, frequentada pelo ex-senador. Leia mais no Estadão.

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