27 de junho de 2016 | 07:59

Empreiteiro confirma cobrança de propina na CPI da Petrobras

brasil

O empresário José Antunes Sobrinho, sócio do Grupo Engevix, declarou ao juiz federal Sérgio Moro que, durante uma reunião, em 2014, na casa do então senador Gim Argello (PTB-DF), em Brasília, ouviu pedido de “doação” no valor de R$ 5 milhões em troca de não ter de depor na CPI Mista da Petrobras, em curso no Congresso naquele ano. “Pagou não seria chamado”, disse Sobrinho. “Deixando de pagar seria chamado”, afirmou o empresário ao comentar a “estratégia de pressão”. Segundo ele, Gim Argello agia em nome da CPI Mista da Petrobras, chantageando empreiteiros. “O encontro foi num fim de tarde, uns 40 minutos”, relatou o sócio da Engevix. “Nessa reunião estavam ele (Gim Argello) e dois assessores. O assunto foi a possível participação da Engevix nesse clube de empresas dispostas a repassar R$ 5 milhões”, disse. Sobrinho depôs na sexta-feira, 24, como testemunha na ação penal contra o ex-senador, preso em abril deste ano, na Operação Vitória de Pirro, 28.ª etapa da Lava Jato. Em maio, Gim Argello foi denunciado pelo Ministério Público Federal por cobrar dinheiro de empreiteiras para que executivos fossem “blindados” em CPIs. Réu da Lava Jato, Sobrinho negocia delação premiada com o Ministério Público Federal. Delatores da Lava Jato já relataram a cobrança de dinheiro de empreiteiras por integrantes de CPIs em troca da não convocação de executivos. O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) afirmou que parlamentares da CPI Mista da Petrobras de 2014 teriam pedido “recursos” para derrubar ou não colocar em votação requerimentos “desfavoráveis aos empresários”.

Ex-executivo da Andrade Gutierrez, Gustavo Barreto relatou almoço em junho de 2014 na casa de Gim Argello, onde foi discutido um acerto para “não prejudicar as empreiteiras”.

Estadão Conteúdo
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