28 de junho de 2016 | 09:51

Economistas veem onda de valorização do real

economia

Um segmento de economistas avalia que o câmbio pode ter uma nova rodada de apreciação substancial a partir de agosto caso o Senado determine o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os analistas observam que o ingresso de recursos externos ao País tende a aumentar com o avanço da confiança de investidores externos no Brasil, puxado por mudanças estruturais na área fiscal, como a aprovação pelo Congresso do teto de gastos públicos vinculados à inflação e o lançamento pelo governo de uma proposta de reforma da Previdência Social. Tal elevação de demanda por títulos nacionais, especialmente de renda fixa e um pouco em ações, seria determinada pela alta rentabilidade que os aplicadores podem obter no Brasil, onde o juro básico está em 14 25% ao ano, em meio à imensa liquidez global. Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a América Latina do banco Goldman Sachs, “o câmbio pode ir para R$ 3,00 ou abaixo dessa marca em poucos meses”, após definido o impeachment de Dilma Rousseff, com sinais firmes da evolução das propostas do governo de correção da gestão das contas públicas, com destaque para a aceitação pelos parlamentares da Câmara e do Senado da emenda constitucional que determina que as despesas do Poder Executivo não mais terão aumento real. “A questão é saber o que o Banco Central fará quando o dólar chegar a R$ 3,00”, questiona Ramos. O Banco Central teria várias razões para manter o câmbio entre R$ 3,15 e R$ 3,20 no segundo semestre, aponta Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA. O combate à inflação estaria em primeiro lugar, pois uma queda nominal de 8% do dólar poderia reduzir o IPCA em 2017 de 5,3% para perto de 4,8%. “Há também outros fatores. Um deles é redução do passivo das empresas muito endividadas em dólar, sobretudo a Petrobras”, disse Borges.

Estadão Conteúdo
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