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17 de junho de 2016 | 15:27

Camisa de Vênus reacende a chama do rock

brasil

Enfim uma banda de rock brasileira retrata musicalmente a realidade nacional: “Nós dançamos a dança/ Nós cancelamos a luta/ A nossa raça é mansa/ A nossa massa é bruta/Nós vivemos de esperança/Nós pagamos as putas”.

O refrão de “A Raça Mansa”, nova e inédita canção do Camisa de Vênus, depois de 20 anos, diz sem meias palavras o que somos e vivemos principalmente neste momento, quando a mídia espalha a lama por tudo que é canto e mela todo o mundo, inclusive nós.

Autor da letra, Marcelo Nova, com sua verve sempre lúcida e objetiva, dá o verdadeiro nome ao eufemismo do “homem cordial”, criado pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda para definir o nosso jeitinho. “A nossa raça é mansa!”, dispara certeiramente o líder do Camisa de Vênus.

Nova não exime ninguém de culpa do estado das coisas brasileiras. “A política é o reflexo. Não somos nós os bonzinhos nem eles os vilões”. Ele me disse ao telefone, quando lhe liguei para elogiar a canção que reacende a chama do rock nas trevas em que se encontra o Brasil.

Afinal a raça pode ser mansa, mas o rock and roll jamais. A demonstração disso é o Camisa de Marceleza e Robério Santana, agora turbinados pelas consistentes guitarras de Drake Nova e Leandro Dalle, mais a pulsante bateria de Célio Glouster. “Camisa de Vênus é ironia, sarcasmo e porrada”, sintetiza Marcelo.

O que seria uma celebração dos 35 anos da banda, surgida em Salvador, em 1980, está resultando num novo disco de inéditas a ser lançado em agosto. Além de “A Raça Mansa”, que já pode ser ouvida no youtube (https://www.youtube.com/watch?v=npPS2pvPD_s), o álbum reúne mais nove canções, entre elas, uma balada.

O lançamento do novo disco coincidirá com o aniversário de 65 anos de Marcelo Nova, no dia de São Roque, 16 de agosto. Vida longa ao nosso Cavaleiro das Trevas.

Por Pacheco Maia
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