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Prefeito ACM Neto (DEM) 28 de abril de 2016 | 07:21

Porque Neto é candidato à reeleição, por Raul Monteiro

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A admitir, reservadamente, que pode desistir de concorrer à reeleição, o prefeito ACM Neto (DEM) provocou uma onda na sucessão municipal. Mas ela refluiu logo, na medida em que a hipótese não foi seguida por qualquer ação concreta que a confirmasse. Pelo contrário, quem se mantém em contato com Neto tem a convicção de que ele é simplesmente candidatíssimo. Com o favoritismo que lhe indicam as pesquisas, dificilmente o prefeito abriria mão de concorrer ao segundo mandato que a lei lhe faculta, a menos que tivesse um motivo extremamente forte para tanto, o que não parece ter surgido até agora.

Com efeito, a eventual desistência de Neto causaria uma reviravolta na até aqui tranquila sucessão municipal. Não é por acaso que o PT, partido que detém a máquina estadual, mas deve perder até maio o controle do governo federal, com a provável aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, animou-se ante a perspectiva de Neto retirar-se de cena. O que provocou a euforia em parte do petismo foi o fato de que, sem o prefeito na disputa, como disse um quadro do partido, todo mundo viraria “japonês”, ou seja, não haveria mais favoritos.

Sob o desgaste de 13 anos de um governo nacional acossado por graves denúncias de corrupção e enormes equívocos econômicos e administrativos, os petistas baianos não conseguiram produzir um candidato natural à Prefeitura, motivo porque que a mudança de planos de Neto só lhes favoreceria. Como o prefeito não fez acompanhar a idéia de que poderia abrir mão da reeleição de uma explicação clara, boatos prosperaram. O mais corriqueiro deles é o de que poderia estar querendo dar um freio de arrumação na tropa e fugir das pressões que os inúmeros candidatos a vice que o circundam acabam naturalmente provocando.

Há relatos de que, nos últimos dias, Neto teria, inclusive, se divertido com o fato de alguns auxiliares interessados em sua vice terem passado a se apresentar, em determinadas rodas, como virtuais candidatos a prefeito em seu lugar. Sem maiores repercussões, as iniciativas isoladas, na prática, antecipam o primeiro efeito da eventual desistência de Neto sobre seu próprio grupo político. Sem sua liderança não haveria como sustentar tanta gente desejosa de poder em harmonia. Por que motivo os partidos que hoje integram a sólida base de Neto topariam apoiar com o mesmo afinco um nome que ele tirasse da cartola para sucedê-lo?

Por que, eventualmente, o DEM teria a primazia de fazer a indicação no lugar do PSDB ou do PMDB, que hoje se fortalece com a ascensão de Michel Temer ao Planalto? São sinais de que a coesão do grupo netista está cimentada na figura do prefeito, embalada por sua popularidade, bem como pelo nível de aprovação ao seu governo. Além disso, nada assegura que o prefeito seria capaz de transferir votos para seu escolhido num momento em que a “Era do poste”, protagonizada entre outros pela presidente da República, deverá, pelo bem do Brasil, entrar irremediavelmente em xeque. Portanto, não há dúvida de que é melhor para Neto ser candidato.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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