Foto: Ed Ferreira/Estadão
Renan Calheiros 11 de fevereiro de 2016 | 08:44

Renan usa pautas econômicas para tentar se afastar de investigações

brasil

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a adotar a tática de tentar pautar assuntos polêmicos ligados à agenda da economia para se afastar de investigações que o envolvem diretamente. A tática foi colocada em prática no retorno do recesso parlamentar, na semana passada, quando ele anunciou ter eleito como prioridade de 2016 as propostas que desobriga a Petrobrás de ser a operadora única na exploração da camada do pré-sal e que dá independência para a escolha do presidente e dos diretores do Banco Central.Coincidentemente, Renan foi acossado durante a pausa dos trabalhos legislativos por revelações da Operação Lava Jato, do qual é alvo de seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal, e mais recentemente com a possibilidade de virar réu na mesma Corte por peculato (desvio de dinheiro público), falsidade ideológica e uso de documento falso no escândalo de 2007, em que é acusado de ter recebido propina da Mendes Júnior para pagar despesas pessoais em troca de emendas parlamentares para a empreiteira. Esse último caso levou-o a renunciar na época ao comando do Senado para evitar ter o mandato cassado.Sem qualquer aval do Planalto, do qual é o principal aliado do PMDB no Congresso, ele defendeu a apreciação das matérias. “É fundamental que o Congresso delibere sobre temas controversos, se é para aprovar ou rejeitar, não importa. O que importa é que essas matérias sejam apreciadas”, disse Renan na semana passada, quando se reuniu duas vezes com a presidente Dilma Rousseff.Numa mudança de sinal em relação ao ano passado, o governo topa ao menos discutir o projeto de autoria do senador José Serra (PSDB-SP) que acaba com a participação exclusiva da Petrobrás na exploração do pré-sal. Contudo, continua frontalmente contrário à concessão de autonomia legal ao BC. Na próxima semana, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) já avisou a Renan que apresentará outros assuntos para discussão com a pauta sugerida pelo peemedebista. “Essa agenda aqui que ele quer nos oferecer nós não vamos aceitar”, afirmou.Um senador da base aliada que acompanha as movimentações do peemedebista disse que, ao defender de antemão se adiantar propondo a votação dessas duas pautas, Renan tenta fazer um aceno ao mercado financeiro e ao mesmo tempo tenta garantir a simpatia dos partidos de oposição – que reconhece a destreza dele em incluir as pautas dos adversários do Planalto.

Estadão Conteúdo
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