Foto: Arquivo/Divulgação
Prédio do jornal A Tarde, na Avenida Tancredo Neves 28 de janeiro de 2016 | 16:17

Quem, afinal, adquiriu o jornal A Tarde?

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O anúncio de que a holding paulista Piatra SP Participações adquiriu o controle do grupo A Tarde, feito ontem formalmente pelo veículo, pôs fim, aparentemente, a meses de insegurança quanto ao destino do centenário matutino da Avenida Tancredo Neves. A preocupação era tanto maior quanto se viam iniciar e logo malograr negociações em torno da transferência de propriedade das mãos da família do fundador Ernesto Simões. Para completar, já se dava como certo, na praça, que o jornal, âncora da marca do grupo, não teria condições de sobreviver a mais de 60 dias.

Afundado em dívidas astronômicas, que alguns dizem superar a casa dos R$ 200 milhões, enfrentando dificuldades quase intransponíveis para conseguir fazer frente aos custos mais essenciais, como o pagamento de salários dos seus funcionários e da aquisição de papel para a impressão, matéria-prima que lhe permite circular entre leitores e assinantes, A Tarde, nos termos em que se encontrava, parecia caminhar efetivamente para os estertores, caso não fosse adquirido por gente capaz de tirar-lhe do buraco em que foi afundando-se, repetindo a mesma triste história de inúmeros outros grupos familiares de comunicação.

Daí que a notícia de que fora comprado por uma holding determinada a salvá-lo trouxe imediato alento a todos, funcionários e fornecedores, inclusive à sociedade baiana, acostumada a servir-se por um século de suas notícias. Para dar segurança a todos que continuam apostando em que supere este momento difícil, no entanto, A Tarde precisa, como uma instituição cultural da Bahia cujo sucesso a todos interessa, agir, o quanto antes, com a mesma transparência com que até agora se comportou no trato da notícia, apresentando aos baianos quem são efetivamente seus novos controladores.

Só desta forma poderá pôr fim aos questionamentos e especulações que ganham todos os meios importantes da Bahia quanto a quem, de fato, comprou sua marca e operação. Suspeitas, diga-se de passagem, alimentadas pela diferença dos nomes que aparecem legalmente como controladores da holding e aqueles que foram apresentados como seus legítimos representantes na reportagem publicada na edição de ontem. Uma forma simples de fazer isto pode ser, inclusive, a publicação da ata de constituição das empresas.

Não passou despercebido que, na apresentação dos novos sócios do grupo, tenha desaparecido do anúncio e da foto o emblemático Crezo Suerdick Dourado, baiano, mais conhecido como DJ Crezinho, responsável pelas tratativas de compra e identificado por todos como sócio de uma das empresas constituintes da Piatra SP Participações.  Estaria seu sumiço ligado a noticiário polêmico envolvendo seu nome em publicações especializadas de negócios? São questões assim que a publicização de quem são os novos controladores de A Tarde pode dissipar, em benefício de todos.

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