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Prefeito de Salvador ACM Neto (DEM) 07 de janeiro de 2016 | 07:39

A lista de ACM Neto, por Raul Monteiro

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ACM Neto (DEM) quer passar no atual mandato de prefeito seu último Carnaval, em relação ao qual já arrumou um desentendimento com o governador Rui Costa (PT) por causa da ampliação dos dias da festa, livre de pressões políticas em relação à sucessão municipal. É o que se depreende do fato de, neste começo de ano, ter apresentado algumas hipóteses para o pleito de outubro próximo, entre as quais a de que pode não ser candidato à reeleição – alternativa na qual ninguém de sã consciência deve acreditar – e até a de que estuda manter em sua chapa como candidata a vice a atual titular, Célia Sacramento, do PLP.

Não dá para “viajar” na ideia de que, por deliberação própria, o prefeito abra mão de disputar a reeleição. As intenções de voto em Neto, assim como os níveis de aprovação ao seu governo, registrados pelas pesquisas, tornam praticamente obrigatório a que se mantenha no jogo, sob pena de uma eventual desistência ser percebida como uma verdadeira traição à população da cidade, hoje majoritariamente favorável a que dê continuidade à atual administração. Quanto à escolha do vice, sabe-se que obedecerá a uma operação política muito mais delicada, que não se submeterá a voluntarismos, não obstante a força eleitoral com que o prefeito se encontra hoje.

Exatamente porque não está limitada ao âmbito da gestão municipal, apenas, mas articulada com um projeto maior acalentado por Neto, que é o de concorrer ao governo do Estado em 2018 contra o atual governador Rui Costa (PT). Para efetivar o plano, o democrata precisará escolher um vice da sua mais estreita confiança, que alie ao atributo de proximidade com ele a capacidade de administrar a cidade nos mesmos termos em que faria até o final de um eventual segundo mandato, dando-lhe total segurança e suporte político para assumir uma empreitada que marcará o maior desafio de sua carreira, depois da primeira vitória à Prefeitura.

Definitivamente, não é com Célia na condição de vice, a despeito de seus inúmeros predicados próprios, que o prefeito poderá abraçar o projeto de disputar o governo da Bahia com o grau de exigência que precisa atender. À sua disposição estão vários outros nomes que se enquadram nos critérios adequados a um vice que poderá virar prefeito em no máximo dois anos, independentemente de ele ganhar ou perder a disputa com Rui para o governo em outubro de 2018. Por acaso, são todos secretários municipais com um nível de relação com a máquina municipal e, portanto, relativa experiência gerencial na área pública que Célia não possui.

Uma primeira prévia de quem vai estar efetivamente na lista de Neto a cidade terá por ocasião do fim do prazo para a desincompatiblização, em junho próximo. É quando quem ocupa cargo público – como os secretários – terá que deixá-lo a fim de se habilitar para concorrer às eleições municipais. Seria uma primeira pista, embora não definitiva, já que as eleições envolvem tanto as vagas majoritárias, de prefeito e vice, como proporcionais, para a Câmara de Vereadores de Salvador. Mesmo sob o segredo e o despite que Neto tem sabiamente orquestrado, se descortinará ali um primeiro panorama.

* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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