25 abril 2024
Chinelos de criança, botas repletas de flores, tênis acompanhados de palavras em defesa do planeta são alguns dos milhares de sapatos que cobrem hoje (29) a praça parisiense de onde sairia uma marcha pelo clima, que foi cancelada devido aos recentes atentados na capital francesa. O mar de sapatos foi exposto na Praça da República, onde uma estátua e uma escultura foram transformadas em uma espécie de monumentos aos mortos, em memória das vítimas dos atentados de janeiro, que causaram 17 mortos, e de 13 de novembro, que provocaram 130 mortos. O local está repleto de flores, velas e inscrições de homenagem. Mais de quatro toneladas de sapatos foram recolhidos na última semana, explicou a diretora adjunta do Avaaz, movimento mundial de mobilização de cidadãos, que organizou o protesto. Para Emma Ruby Sachs, o gigantesco tapete que cobre mais de um terço da praça é “um monumento simbólico da determinação das pessoas em ser escutadas”. A organização pediu a todos que iriam participar da marcha pelo clima para enviarem um par de sapatos para representá-los. Entre os sapatos anônimos estão alguns de donos mais conhecidos, como o do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, botas da atriz francesa Marian Cotillard e os saltos agulha da estilista britânica Vivienne Westwood. “Até o papa Francisco enviou um par”, acrescentou um membro da Avaaz. Todos os sapatos estão orientados na direção da praça La Nation, onde a manifestação deveria terminar, antes de ser cancelada pelas autoridades francesas devido ao reforço da segurança, após os atentados. “É uma experiência incrível andar entre milhares de pares de sapatos. É possível sentir a dor das vozes reduzidas ao silêncio e também a esperança de que esta conferência possa salvar o planeta”, disse ainda Emma Ruby Sachs.
Agência Lusa