Foto: Dida Sampaio / Estadão
Dilma precisa do PMDB como âncora para sustentar o governo 30 de novembro de 2015 | 06:50

Cenário: Dilma decide fazer gesto ao PMDB, apesar de mágoa com Temer

brasil

Com o agravamento da crise política, a presidente Dilma Rousseff decidiu se reaproximar de todas as alas do PMDB, na tentativa de aprovar a meta fiscal e as medidas de ajuste no Congresso, barrando a ameaça de impeachment. Nos bastidores, a prisão de Delcídio Amaral (PT-MS), até quarta-feira passada líder do governo no Senado, foi classificada no Palácio do Planalto como uma “bomba” capaz de provocar estragos imprevisíveis. Dilma precisa do PMDB como âncora para sustentar o governo, mas continua distante do vice Michel Temer, que comanda o partido. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, telefonou para Temer na semana passada e pediu a ele que ajudasse na articulação com o Congresso para a votação da meta fiscal, sob o argumento de que Dilma estaria em viagem ao Vietnã e ao Japão. Preocupada com o clima de conflagração no Congresso, porém, Dilma resolveu encurtar a viagem internacional sem avisar Temer. A presidente só manteve o roteiro a Paris, onde participará da 21.ª Conferência do Clima, e amanhã – dia previsto para a retomada das votações – estará de volta a Brasília. Apesar de não esconder a mágoa com Temer, por avaliar que o vice se movimentou para se apresentar como nome capaz de reunificar o País em caso de impeachment, Dilma foi convencida a fazer um gesto para segurar o PMDB, quando retornar do exterior. Além disso, ela vai se reunir com líderes de todos os partidos que compõem a coalizão para fazer um apelo pela unidade no plenário. Depois do escândalo envolvendo Delcídio, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, o governo viu a base aliada ruir e criar ainda mais dificuldades para avalizar projetos de interesse do Planalto. Sem conseguir aprovar na semana passada a alteração na meta fiscal de 2015, Dilma vai cortar pouco mais de R$ 10 bilhões no Orçamento. Se a tesourada não atingir R$ 107,1 bilhões, porém, ela estará mais uma vez confrontando o Tribunal de Contas da União (TCU) e, no diagnóstico da oposição, incorrendo em crime de responsabilidade.

Estadão
Comentários