06 de outubro de 2015 | 11:30

Estrangeiro já aposta na reestruturação de dívida de companhias brasileiras

brasil

Os investidores estrangeiros que compram bônus de companhias brasileiras emitidos no exterior já veem a possibilidade de uma grande parte delas reestruturarem as suas dívidas. A sensação está explícita nos preços de vários desses títulos, que operaram cotados entre 50% e 70% do valor de face, níveis considerados estressados. Nesse grupo estão empresas ligadas ao governo, bancos, do setor de aço e minério de ferro e relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. A curva de rendimento dos títulos corporativos brasileiros como um todo, identificada pelo contrato de credit default swap (CDS) de proteção contra eventual calote do Brasil, chegou próxima da máxima desde 2008, de 586 pontos-base nesta última semana, alcançando mais de 540 pontos-base. Na segunda-feira, 5, o CDS já mostrava melhora aos 413 pontos-base. O CDS é considerado um indicador de aversão ao risco e tem sido bastante usado por investidores que buscam se proteger de queda maior nos bônus corporativos porque a baixa liquidez do mercado secundário de dívida não tem permitido que vendam suas posições. O humor do estrangeiro é totalmente diferente de um ano atrás, quando as empresas brasileiras atraíam demandas elevadas para suas emissões. Os primeiros sintomas da crise ficaram evidentes a partir de meados de 2014, com calotes localizados nos setores de açúcar e álcool e, no final do ano, de empresas da Lava Jato. Neste ano, empresas sem receitas em dólares ou sem grau de investimento que se arriscaram a aproveitar a ampla liquidez externa, como Cimento Tupy e General Shopping, tiveram de renegociar suas dívidas. Agora, o estrangeiro desconfia que algumas grandes companhias, como Petrobras, CSN, Oi e Odebrecht Oil & Gas também possam ter de reestruturar seus passivos. “Preços entre 50% a 70% do valor de face indicam que os investidores estão muito preocupados e que consideram que essas empresas podem ter de reestruturar suas dívidas”, disse o diretor executivo do Institute of International Finance (IIF), Hung Tran.

Estadão
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