BAIANADA: HOJE É DIA DE ROCK!, por Pacheco Maia

Ele não faz música para adestrar macaco nem posa de cuequinha e meias, ao lado de Carla Perez e Xande, para aparecer nas redes sociais. Marcelo Nova é baiano, mas não é Caetano. Que bom que seja assim. Melhor ainda é ter a oportunidade de curtir o sexagenário roqueiro hoje, ao lado do parceiro Robério Santana, comemorando os 35 anos do Camisa de Vênus, às 22 horas, no Barra Hall.

Depois do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Natal e Fortaleza, a turnê dos 35 anos do Camisa chega a Salvador. Acompanha a dupla, que criou a banda nos remotos idos de 1980, nos corredores da TV Aratu, onde trabalhavam Marcelo na rádio e Robério na tevê, um trio da pesada: Drake Nova, Leandro Dalle e Célio Glouster.

Por onde tem passado, o balzaquiano Camisa tem feito shows apoteóticos. Em São Paulo, foram três noites regadas ao mais sincero e puro rock and roll. No Rio de Janeiro, várias gerações cantaram as músicas acompanhadas pela banda num Circo Voador completamente lotado. Em Porto Alegre, os baianos foram referenciados pelos roqueiros locais como aqueles que apresentaram a vibração do punk rock à cidade. Nas outras capitais, o reencontro não foi diferente.

Bota pra fudê! O brado retumbante vai ressoar pela Barra, reverberando da Ribeira a Itapuã, num momento em que a velha cidade da Bahia vive entorpecida e carcomida com tanta mediocridade musical e cultural. Quem sabe o revival do Camisa desperte em uma nova geração a amaldiçoada e tão necessária tradição de irreverência e rebeldia baiana, registrada nas obras e ações de Gregório de Mattos, Cipriano Barata, Dr. Sabino, Luiz Gama, Castro Alves, Sílvio Valente, Glauber Rocha e Raul Seixas. Ou Marcelo Nova é o último dos baianos-moicanos?