Dirceu, quando era possível curtir uma praia na Bahia 04 de agosto de 2015 | 09:07

A inveja que Dirceu sentiu do banqueiro Daniel Dantas

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No livro em que descreve a estratégia de tomada do controle da Brasil Telecom das mãos do baiano Daniel Dantas pelos fundos de pensão por orientação do governo Lula, a jornalista Consuelo Dieguez, conhecida pelos perfis que elabora para a revista Piauí, relata um encontro entre o dono do Opportunity e o então todo poderoso ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, que foi preso ontem pela segunda vez, agora no âmbito da Operação Lava Jato.

Sentindo que o cerco se fechava contra ele no governo, Dantas reuniu-se com Dirceu em seu gabinete, no Palácio do Planalto, em 2003. Na conversa, o então ministro disse que, por ter origem modesta, custou a valorizar o prazer de tomar um bom vinho e saborear finas iguarias à mesa. E, segundo relato de Diegues, se impressionou quando o banqueiro respondeu que, por causa da origem rica, havia provado de tudo e não se encantava com mais nada.

Dirceu ficara ainda mais intrigado ao saber que Dantas acabara de chegar de uma reunião de trabalho em Paris, onde passara apenas 24 horas, desperdiçando a chance de curtir a cidade por alguns dias. No decorrer da conversa, possivelmente a fim de levantar argumentos para defender Dantas, Dirceu quis saber porque a Brasil Telecom cobrava tarifas mais baratas e distribuía dividendos maiores aos acionistas, segundo lhe asseverara o próprio banqueiro.

“É simples”, teria respondido Dantas, com um sorriso largo. “Eu não bebo vinho, não perco horas almoçando e jantando e vou a Paris num dia e volto no outro”, respondeu, seguro de si, o dono do Opportunity. Ao final da reunião, Dirceu disse a Dantas que o governo não se envolveria na disputa do banqueiro com os fundos de pensão pelo controle da Brasil Telecom. A história não demoraria a desmentir a promessa do então ministro, como relata a jornalista.

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