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Na Bahia, berço do grupo Odebrecht, foi enorme o impacto do seu envolvimento nas investigações 22 de junho de 2015 | 08:30

Uma empresa indignada, por Raul Monteiro

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Faz absoluto sentido que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff (PT) sintam que o cerco está se fechando contra eles com as mais recentes prisões da Lava Jato. Ante o fato, Lula teria declarado saber que entrara definitivamente na mira do juiz Sérgio Moro, arquiteto das investigações da Operação. Parece claro, tanto para o mundo empresarial quanto político, que as detenções de agora foram executadas exatamente pela relação de proximidade das empresas envolvidas com os dois principais líderes do PT. Na Bahia, berço do grupo Odebrecht, foi enorme o impacto do seu envolvimento nas investigações.

Com efeito, o andamento das apurações vai descortinando mais um dos tristes legados da passagem do PT pela presidência da República, neste caso específico, representado pela desconstrução de empreiteiras das quais se pode dizer que efetivamente nunca foram modelos de santidade, mas que vêm atuando no país e fora dele há quase um século, gerando riquezas e empregos, e que passaram incólumes por inúmeros outros governos sem que tivessem sido tragadas por esta lambança que, nas gestões petistas, rompeu os limites entre o setor privado e o Estado, a quem cabe, por definição, a regulação do ambiente de negócios.

A situação de Marcelo Odebrecht não surpreende apenas por se tratar de um dos homens mais poderosos do país, mas também pelo fato de ser um jovem líder nato, que chegou ao mais alto posto da companhia fundada por seu avô, Norberto, e conduzida exemplarmente por seu pai, Emílio, por mérito e preparo pessoal indiscutível. No estado onde nasceu e iniciou sua vida acadêmica e profissional, continua respeitado por ex-colegas do Colégio Maristas como uma grande figura humana que sempre cativou a todos com quem conviveu, de alunos a professores, em especial, por sua extrema inteligência e simplicidade.

O alto nível de exigência e eficiência de que Marcelo virou sinônimo na Odebrecht não o faz menos admirado entre os seus milhares de colaboradores, sobre os quais predomina hoje um sentimento de consternação misturado com revolta com o que se considera uma grande injustiça contra o líder empresarial. Trata-se de avaliação fortemente estimulada pelo convencimento do grupo, dos seus advogados e de alguns juristas independentes quanto à falta de elementos que justifiquem seu afastamento do comando da quinta maior e mais sólida empresa brasileira.

Usada como um elemento negativo por parte da imprensa, a informação de que Marcelo levava para sua residência executivos da Odebrecht eventualmente ameaçados é, no imaginário da companhia, reveladora do clima organizacional de solidariedade que é uma das marcas da Odebrecht. “Quem conhece Marcelo sabe que ele tiraria a roupa do corpo e entregaria para qualquer integrante do grupo que estivesse sofrendo um processo de injustiça profunda”, relata um importante colaborador da Odebrecht, confirmando o nível de indignação que, neste momento, pode ser identificado nos mais variados escalões da maior empreiteira da América Latina.

*Artigo originalmente publicado no Tribuna da Bahia

Raul Monteiro
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