23 de maio de 2015 | 11:30

Conta ainda não fecha, dizem economistas após corte

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Para os economistas que acompanham as contas públicas, o contingenciamento do Orçamento anunciado ontem não surpreendeu. Ficou dentro do esperado. As medidas deixaram outra certeza: de que o governo terá mesmo dificuldades para cumprir a meta deste ano de superávit primário (a economia para o pagamento da dívida pública). O governo se comprometeu a fazer um superávit primário de 1,2 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o especialista em contas públicas Raul Velloso, ficou claro que a meta está mais distante porque a equipe do ministro da Fazenda Joaquim Levy, não conseguiu cortar tudo o que precisava e queria. “Ou em algum momento do ano o Levy vai se desgastar anunciando outro contingenciamento ou teremos novos aumentos de carga tributária para fechar a conta”, diz ele. O contingenciamento foi de quase R$ 70 bilhões, mas precisava ser o dobro. Segundo Velloso, como as despesas subiram muito em 2014, o parâmetro de corte adotado, ao que tudo indica, foi o PIB de 2013. “Cortaram algo como 0,1 ponto porcentual em relação ao PIB de 2013 – o que não é suficiente: seria necessário fazer um corte de 0,7 ponto porcentual”, diz Velloso. Contingenciamentos costumam se concentrar nos chamados gastos discricionários – gastos de custeio e de investimento que o governo tem autonomia para executar de acordo com a previsão de receitas. O corte foi considerado “brutal” nos investimentos. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) dá uma boa medida disso: perdeu cerca de R$ 26 bilhões. Somente o Minha Casa Minha Vida teve um corte de R$ 6 bilhões. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) demonstrou preocupação com o tipo de corte. Em nota, reconheceu a necessidade do ajuste, mas manifestou que a concentração de cortes no investimento pode levar a novas demissões.

Estadão Conteúdo
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