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Presidente Dilma Rousseff (PT) 23 de abril de 2015 | 07:16

Uma entreguista sem par, por Raul Monteiro

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Não é só sua inépcia que a presidente Dilma Rousseff (PT) torna pública quando sanciona, na íntegra, sem uma restrição qualquer, o aumento de 171,1% para o Fundo Partidário, que saltará, portanto, de R$ 289,5 milhões no ano passado para R$ 867,5 milhões em 2015. O que fala alto também em sua atitude é a completa incoerência com o recente discurso de defesa do ajuste fiscal, à custa de todos os brasileiros pagadores de impostos. Além da confirmação da completa falta de responsabilidade na administração das contas públicas, motivo, aliás, por que o país está submergindo numa crise de dimensão ainda insondável, mas que já começa grande.

Ao consentir com a medida, Dilma evidencia que seu desejo, no fundo, é fazer o Brasil sucumbir ao macabro patamar da sua incompetência. Não bastou entregar o controle político que foi eleita para exercer no país ao PMDB, representado pelo vice-presidente Michel Temer e mais os ilustres presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Submetendo-se, assim, às siglas partidárias, abrindo mão de suas prerrogativas de governar em nome dos brasileiros para conceder benesses que supostamente acha que lhe assegurarão votos favoráveis no Congresso, ela pratica um entreguismo sem precedentes na história nacional.

Difícil acreditar que depois da mais recente e vergonhosa concessão à classe política que sempre insinuou desprezar, a presidente possa ainda utilizar de novo uma rede nacional de TV para pedir à população para apertar ainda mais o cinto e suportar o arrocho que está só iniciando para ajudar seu governo a enfrentar a nova “marolinha”. Pela qualidade dos partidos brasileiros e do serviço que prestam ao cidadão, soa absolutamente patético saber que o governo pretendia destinar-lhes quase R$ 300 milhões para usufruto neste ano. Mais revoltante é constatar que o valor foi elevado pelo PMDB para quase R$ 900 mi sem o menor esperneio do governo.

Não se tratou de um partido da oposição supostamente interessado em fazer a presidente sangrar junto com os honestos brasileiros esmagados pela carga tributária escorchante que Dilma pretende elevar ainda mais com sua proposta de ajuste. A iniciativa foi do senador Romero Jucá, peemedebista de Roraima e governista de carteirinha, que teve a brilhante ideia de propor a elevação do Fundo para saciar partidos ninfomaníacos como o seu próprio. E a presidente, subjugando-se como nunca tinha ainda sido visto à lógica mais torpe da prática do “é dando que se recebe”, aceitou pagar, sem protesto, a conta ao sancionar mais um rombo espetacular.

Sem dúvida, a cena a que o país assiste é a de uma renúncia branca. Dilma simplesmente entregou o papel que deveria cumprir ao PMDB, que, frise-se, não foi eleito para comandar a nação. O pior neste processo é que, de direito, ela é quem continua governando, o que significa que os peemedebistas podem deitar e rolar na sua mais nova função sem arcar com o ônus de nenhuma das lambanças que promovam em sua nova condição de comandantes em chefe da nação. O que esperar de uma partido profundamente fisiológico que ainda por cima sabe que não será responsabilizado por nada que faça nesta posição dada de bandeja por Dilma? Aguardem, senhores!

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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