18 de abril de 2015 | 07:45

Mulher de Vaccari confirma empréstimo de ex-sócio de Janene

brasil

A mulher do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto confirmou em seu depoimento à Polícia Federal que emprestou R$ 400 mil em 2008 de um sócio do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010 – para a compra da residência em que a família vive hoje. No endereço, Vaccari foi preso na manhã de quarta-feira, 15, e sua mulher, Giselda Rousie de Lima, ouvida coercitivamente pelos policiais. “Recebeu o valor de R$ 400 mil em sua conta corrente a título de empréstimo de Cláudio Mente para o pagamento de parte da residência onde mora”, afirmou Giselda, ao ser ouvida por um dos delegados da Operação Lava Jato. Claudio Mente era um dos sócios da CSA Finance Project, que é alvo da Lava Jato por ser uma das empresas da lavanderia de dinheiro montada por Janene e o doleiro Alberto Youssef, por onde escoaram milhões em recursos de contratos públicos. “O empréstimo foi quitado no ano seguinte por meio de transferência bancária” registrada em seu nome, declarou a mulher de Vaccari, segundo a transcrição do depoimento feita pela PF. Considerado um “laranja” de Claudio Mente e Youssef, o advogado Carlos Alberto da Costa foi quem operacionalizou o pagamento e um contrato de mutuo assinado entre a mulher de Vaccari e a CRA (Centro de Reprodução das Américas – Comércio de Produtos Agropecuários Ltda). Em seu depoimento, Giselda afirmou que não conhece Costa nem a CRA. Confirmou apenas que o dinheiro que foi depositado em sua conta em 2008 veio da CRA, empresa que pertencia a Mente. Giselda disse que tem relações de amizade com o ex-sócio de Janene e com sua mulher. Psicóloga por formação e aos 62 anos, a mulher de Vaccari é suspeita de ter sido usada pelo ex-tesoureiro do PT para movimentar dinheiro ilícito e ocultar patrimônio. A compra da casa em 2008, com dinheiro vindo de empresa de fachada ligada a Youssef, é uma das frentes de investigações que pesam contra Vaccari. No depoimento, Giselda afirmou que possui rendimento mensal de aproximadamente R$ 300 mil de atividade autônoma e de aposentadoria do banco Santander. Ela confirmou ter três imóveis em seu nome e que efetuou doação de R$ 300 mil para a filha, Nayara – também investigada pela Lava Jato por ter supostamente sido usada para ocultação patrimonial. “A origem do valor eram rendimentos meus e de meu marido”, disse Giselda.

Fausto Macedo, Ricardo Brandt, enviado especial, e Julia Affonso, Estadão Conteúdo
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