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Prefeito ACM Neto (DEM) 05 de março de 2015 | 07:29

A reforma política e a vice de Neto, por Raul Monteiro

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Mais cobiçado do que tudo no grupo do prefeito ACM Neto (DEM), o cargo de vice em sua chapa em 2016, quando disputará a reeleição, pode perder pelo menos parte do encanto. Depende apenas da proposta de reforma política que começou a ser rediscutida pelo Congresso e da viabilidade de algumas sugestões que estão sendo feitas ao texto como forma de unificar as eleições no país, um problema que se arrasta há anos sem solução aparente devido aos conflitos de interesse dos mandatários.

Uma das medidas contidas na reforma propõe que os prefeitos e vereadores eleitos na próxima sucessão municipal tenham um mandato de apenas dois anos, o que, no caso de Neto, daria a ele condições de, na hipótese muito provável de se reeleger, concluir integralmente o segundo mandato de prefeito da capital para disputar em seguida o governo do Estado, em 2018. Neste caso, o mandato do vice-prefeito encerraria naturalmente junto com o de Neto.

Mantidas as condições atuais, tudo indica que Neto disputará normalmente a reeleição no ano que vem, devendo renunciar ao cargo de prefeito para disputar a sucessão estadual de 2018, o que garantirá ao seu vice o direito de assumir mais de dois anos de mandato como prefeito e ainda disputar, ele próprio, a reeleição em 2020. Por este motivo, com a reeleição de Neto à Prefeitura praticamente garantida em 2016, sua vice transformou-se no sonho de qualquer político de seu grupo.

Principalmente entre aqueles cujas chances de se colocar como candidatos à Prefeitura são praticamente diminutas sem a alavanca de circunstâncias favoráveis como a popularidade do atual prefeito e o comando da máquina pública municipal. Com a reforma, a vice de Neto em 2016 continuaria interessando, mas não na mesma medida do que ocorre agora, a menos que a desincompatibilização para concorrer a outro cargo seja adotada como exigência também no rol das mudanças.

Neste caso, o prefeito seria obrigado a deixar o cargo meses antes da disputa ao governo, abrindo a chance de seu vice assumir a Prefeitura no período de seu afastamento, de onde poderia concorrer à reeleição em condições mais favoráveis, principalmente no caso de administração estar bem avaliada. Enfim, são cenários que começam a ser estudados para o futuro de Neto e de seu grupo com ou sem a reforma política pela qual o país há tanto tempo clama e os políticos insistem em empurrar com a barriga.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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