Foto: Divulgação/Arquivo
Nilo impôs dura derrota ao PT na Assembleia 04 de fevereiro de 2015 | 10:06

Uma lição para o PT baiano, por Raul Monteiro

exclusivas

A menos que seu objetivo seja criar constrangimentos jurídicos que impeçam uma eventual tentativa de Marcelo Nilo (PDT) de concorrer mais uma vez à reeleição, daqui a dois anos, quando estará encerrando seu quinto mandato à frente da Assembleia Legislativa, carece de sentido a ação a que a bancada estadual do PT pretende dar entrada na Justiça contestando sua vitória nas urnas na última segunda-feira para um novo mandato como presidente da Casa.

Se havia alguma dúvida de que o governador Rui Costa (PT) não compactua com o movimento dos deputados estaduais do partido, ela foi desfeita ontem, quando, no evento de reabertura dos trabalhos legislativos, para uma platéia ampla, o executivo elogiou a performance de Nilo de “campeão de votos” na frente dos parlamentares do partido e do seu ex-candidato à presidência, Rosemberg Pinto, que retirou-se da disputa momentos antes da eleição.

Do universo de 63 deputados que compõem o parlamento estadual, Nilo obteve 51 votos, excluindo-se apenas um deputado que votou nulo e os 11 membros da bancada petista que acompanharam a retirada de plenário de Rosemberg, o que resultou, de fato, numa demonstração da legitimidade do processo de reeleição, como admitiu indiretamente o próprio governador em seu discurso na Assembleia.

No entanto, mesmo se conseguir criar algum embaraço jurídico para Nilo com o recurso à Justiça, a bancada do PT demonstra que não respeita as regras do jogo democrático, cujo ápice é um processo de votação com lisura por meio do qual a vontade da maioria – no caso de segunda, ampla maioria – se expressa. Objetivamente, hoje ninguém pode impedir que, ao encerrar seu quinto mandato de presidente, Nilo queira disputar mais um.

Afinal, durante a campanha, nem o fim da reeleição o PT quis acordar com ele, certo de que poderia derrotá-lo. Mas o PT precisa entender que se deseja apeá-lo da presidência precisa usar os instrumentos legitimados do Parlamento, que são o convencimento e voto. A concretização do desejo de mudança passa, inclusive, pela eventualidade de apoio a um candidato mais viável do que aqueles que podem ser recrutados na bancada petista.

Ou o partido prefere continuar vê-lo perpetuando-se no poder a ajudar algum aliado com chances de vitória?

Raul Monteiro*
Comentários