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26 de fevereiro de 2015 | 08:06

Quem se opõe à CEI do metrô?, por Raul Monteiro

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O clima de tranquilidade que reinou até recentemente na Câmara Municipal parece prestes a acabar. O motivo é a criação de uma Comissão Especial de Inquérito, o equivalente a uma CPI municipal, destinada a investigar os denunciados e propalados desvios de recursos ocorridos durante a construção do metrô de Salvador, um empreendimento que demorou 12 anos para ser erigido, está incompleto e passou por várias administrações até que um entendimento recente entre a Prefeitura e o governo do Estado o colocou nos trilhos.

Já se perderam as contas do quanto de dinheiro público, principalmente federal – as estimativas apontam para a casa dos bilhões -, foi enterrado no metrô, cujo trecho diminuto, que não cobre nem a parte da cidade que deveria percorrer, lhe garantiu o jocoso apelido de “calça-curta”. Os desdobramentos de uma investigação da Polícia Federal, denominada Castelo de Areia, base de denúncias que estão sendo propostas à Justiça pelo Ministério Público, estimularam a ideia da investigação na Câmara Municipal.

Os defensores do requerimento de instalação do colegiado, os vereadores do PT Henrique Carballal e Vânia Galvão, argumentam em sua justificativa que num momento em que o assunto volta à tona, em decorrência de encaminhamentos judiciais que estão sendo adotados pelos setores competentes, não faz sentido que a Câmara de Salvador, palco natural da discussão sobre os rumos da cidade, não caia de cabeça na matéria, ajudando a lançar luz sobre o que, de fato, transformou o metrô de Salvador num poço de suspeitas e acusações.

Ele chega a se referir, em conversas, ao momento de passar o país a limpo que outra operação da Polícia Federal, a Lava Jato, está impondo à nação, com as investigações que promove na Petrobras e nas quais o maior suspeito é o próprio PT. “Não faz sentido que a Câmara Municipal de Salvador não entre de sola neste assunto do metrô de Salvador. É uma oportunidade que os vereadores têm de mostrar que se preocupam com os destinos da cidade e com o bom uso do dinheiro público”, afirma Carballal.

O vereador diz não ver sentido em reações contrárias à proposta, primeiro porque a pauta da Casa, graças ao trabalho do presidente Paulo Câmara (PSDB), está limpa, sem entraves aparentes. Depois, vive-se um ano não-eleitoral, onde ninguém pode ser acusado de querer fazer palanque com as apurações. “Só não posso acreditar que forças estranhas ao Legislativo municipal, temerosas das repercussões das discussões na Câmara, queiram impedir nosso trabalho fiscalizador”, diz. Pelo visto, os dias de paz estão contados na Casa.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro*
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