Foto: Divulgação/Arquivo
Bruno Reis é deputado estadual 29 de janeiro de 2015 | 08:48

Uma briga que está só começando, por Raul Monteiro

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Não tem tempo para acabar a briga entre o prefeito ACM Neto (DEM) e o PTN, partido que lhe deu sustentação até meados do mês, quando acabou, após um rompimento cuja tendência é se aprofundar, migrando para a base de apoio do governador Rui Costa (PT) na Assembleia Legislativa. Além de vir arcando com os custos da degola de praticamente todas as indicações que fez na administração municipal, como resultado do afastamento, o grupo do presidente da agremiação, João Carlos Bacelar, com quem Neto rompeu também uma amizade de 15 anos, deve enfrentar novos desafios na contenda que se estabeleceu com o prefeito.

No Thomé de Souza, o comentário é de que tem sido forte a pressão no entorno de ACM Neto para que, em mais uma estocada contra Bacelar, ele convoque o deputado estadual Bruno Reis, hoje no PMDB, para o seu secretariado. A pasta ainda não estaria definida, mas a posição no governo seria o de menos. O mais importante é que, com a nomeação de Bruno, quem assumiria sua vaga na Assembleia é o seu suplente, o vereador em Camaçari Elinaldo, do DEM, que vem a ser um dos principais adversários do projeto do PTN de eleger Maurício Bacelar, irmão de João e hoje comandando o Detran, à Prefeitura do município.

Mas a mudança na vida de Bruno não ficaria restrita, na visão dos articuladores políticos do Thomé de Souza, ao fato de simplesmente assumir um cargo importante na Prefeitura de Salvador, garantindo, por consequência, maior visibilidade a um forte adversário de um ex-aliado do prefeito como o vereador Elinaldo. A iniciativa poderia passar também pela estratégia de empoderar o hoje deputado peemedebista contra Bacelar, forçando um enfrentamento entre amigos tão próximos quanto foram até recentemente o prefeito e o comandante do PTN, capaz de resultar ainda numa tentativa de tomada do partido das mãos de seu presidente.

A escolha de Bruno para o secretariado sequenciaria ou ocorreria concomitantemente à indicação do vereador Tiago Correia, único no PTN que não seguiu Bacelar, para o comando da Limpurb, uma das empresas tradicionalmente mais cobiçadas da Prefeitura. Curiosamente, ou também como mais um lance de retaliação pelo rompimento do partido com o governo ACM Neto, Tiago seria contemplado como compensação pelo fato de ter perdido a disputa pela presidência da Câmara Municipal para o colega Paulo Câmara, do PSDB, motivo do desentendimento do PTN com o prefeito.

Desde o princípio, o PTN se queixara de que Neto fraquejara em exigir de Câmara o cumprimento de um acordo pelo qual o vereador apoiaria o candidato do partido à sua sucessão na presidência do Legislativo municipal. Tiago fora escolhido por Bacelar para candidato como forma de comprometer Neto com a candidatura do PTN, uma vez que o vereador, muito respeitado na Casa, apesar de jovem, é concunhado do prefeito. A estratégia não surtiu o efeito esperado pelo PTN, colocando o partido e o prefeito em lados opostos e hoje sem perspectiva de um reencontro, caso as represálias continuem.

* Raul Monteiro é editor da coluna Raio Laser e do site Política Livre e escreve neste espaço às segundas e quintas-feiras.

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