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Será que Rui também está satisfeitíssimo com o rompimento com o PDT? 22 de janeiro de 2015 | 08:15

O primeiro recorde do governo Rui. por Raul Monteiro

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Sob perspectivas diversas, o rompimento do governador Rui Costa (PT) com o PDT pode ter representado perdas e ganhos para os principais envolvidos: o governador Rui Costa (PT), que fez cumprir a exigência de exclusividade de apoio de uma legenda da base ao seu governo, o deputado federal Félix Mendonça Jr., presidente estadual do partido, que teve que abrir mão de uma secretaria estadual forte, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que parece ter se dado melhor no jogo, já que ganhou, por consequência, a exclusividade da aliança com a agremiação por imposição do adversário petista.

Não há como negar também que o afastamento entre o governo e o PDT representou um recorde: não se tem conhecimento, pelo menos na Bahia, de que um partido tenha rompido com um governo 20 dias depois do seu início, tendo lhe dado todo o apoio na campanha, como é fato, e que um secretário de Estado nomeado por uma administração iniciante tenha caído em prazo semelhante em decorrência de uma crise política que evoluiu para um rompimento entre uma sigla e a administração que ajudou a eleger.

Amigos de Félix Jr. contavam ontem que ele colocava no colo da articulação política de Rui a responsabilidade pela situação. Na avaliação do pedetista, fora o governador Rui Costa que o dispensara de sua coalizão, desconsiderando todo o envolvimento do PDT em sua campanha num momento, inclusive, em que poucos davam crédito a seu eventual sucesso eleitoral. Não era seu propósito afastar-se do governo no momento nem antecipar a discussão sobre a sucessão municipal de 2016, momento em que o prefeito ACM Neto disputará a reeleição, e, pelo que operação do governo em relação ao PDT revelou, enfrentará uma oposição ferrenha do governador.

Aliás, depois do brusco rompimento de ontem, a leitura que se passou a fazer em vários segmentos políticos é a de que o PT não trabalha mais com a eventualidade de enfrentar ACM Neto na sucessão de Rui Costa, em 2018, simplesmente porque acredita que pode impedir sua reeleição em 2016, através de iniciativas como a recente atração do PTN, que os democratas acreditam ter sido compensada pela confirmação do PDT na base do prefeito, e de recados claros a eventuais aliados de que não permitirá aproximação com o prefeito, exatamente como a iniciada pelo pedetista Félix Jr.

De resto, o PDT que fica com ACM Neto é um partido com tempo de televisão e rádio, mas sem a substância política representada pelos deputados estaduais, que, liderados pelo presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, anunciaram ontem a decisão de permanecer com o governo. O mais provável é que não fiquem sequer no partido, já que é sabido que Nilo prepara na Bahia a recriação do antigo PL, uma agremiação nova para a qual os mandatários poderão migrar sem risco de perderem seus mandatos. O dia de ontem terminou com Félix Jr. lamentando, Neto e Nilo (que sempre brigou com o primeiro no partido) sorrindo e Rui ainda não se sabe ao certo.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

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