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Presidenta promete mais investimentos para o setor de Saúde 08 de dezembro de 2014 | 10:29

Sem legitimidade para a CPMF, por Raul Monteiro

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Como se já não bastasse a extorsiva carga tributária, considerada uma das mais altas do mundo, que sufoca empresários e contribuintes comuns, impedindo os primeiros de poupar com o objetivo de investir na ampliação e aprimoramento de seus próprios negócios, o governo Dilma Rousseff (PT) acena agora com a recriação de um imposto, a CPMF, e a elevação da cota da Cide, cuja repercussão sobre os combustíveis, em forma de aumento na bomba, deve pressionar ainda mais a inflação.

Sob o discurso conhecido de que é preciso mais dinheiro para a saúde, como se este governo estivesse demonstrando alguma preocupação em rever sua postura perdulária e sua incapacidade de evitar os absurdos desvios de recursos públicos por meio da corrupção, como tem demonstrado de forma estarrecedora as investigações sobre o petrolão, a presidente sinaliza agora uma inflexão conservadora na política econômica, convidando para a sua equipe um prócer tucano, como se isto fosse suficiente para justificar um novo achaque.

Amante do plebiscito, o verdadeiro regime da plebe, em que a sociedade pode se manifestar diretamente sobre a pauta que pretendem lhe impor o governo e os políticos, como confirmou no discurso da celebração da vitória, depois de ter se referido à mesma alternativa como resposta aos protestos de junho do ano passado, a presidente deveria utilizar-se do mesmíssimo instrumento para consultar a população sobre sua proposta desvairada de aumentar ainda mais a carga tributária.

Desconsiderando o assustador cenário econômico que se prevê para 2015, especialmente para o primeiro semestre, deveria, entretanto, formular à população a questão de maneira clara e objetiva, perguntando se o contribuinte concorda em pagar mais um imposto sem qualquer garantia de que será efetivamente empregado para melhorar a qualidade do serviço de saúde no país, podendo ser dragado tanto pelo desperdício quanto pelas quadrilhas que tomam publicamente de assalto o Estado brasileiro.

A pergunta poderia ser antecedida de uma breve introdução em que a presidente admite que resolveu criar de novo o imposto e tomar mais dinheiro do povo porque fracassou na capacidade de administrar o legado que herdou, melhorando-o por meio da criação das bases para dar sustentabilidade ao crescimento, permitiu que a inflação voltasse e agora, sem rumo, se rende à orientação de quadros oriundos do PSDB para sair da enrascada em que nos meteu a todos. Agindo assim, com toda a transparência, com certeza ela não ouvirá a resposta que espera.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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