16 de novembro de 2014 | 18:27

Desafios não foram vencidos por Tombini e Dilma

brasil

Quatro anos depois de a presidente Dilma Rousseff escolher Alexandre Tombini como presidente do Banco Central, os desafios enfrentados pela autoridade monetária não foram vencidos ou se tornaram mais complexos. A última vez que o BC projetou a inflação no centro da meta, em 4,5%, ou um número abaixo desse valor, foi no Relatório Trimestral de Inflação de março de 2012, quando a expectativa era de que o IPCA terminasse aquele ano em 4,4%. Essa projeção, no entanto, foi superada ao fim do ano, quando o indicador atingiu 5,84%. Em dezembro de 2010, Henrique Meirelles, então presidente do BC, entregou ao seu sucessor uma inflação que evoluía desfavoravelmente, mas com perspectivas positivas. Do lado externo, pressões vindas das commodities puxavam o custo de vida para cima. No cenário doméstico, o descompasso entre oferta e demanda também era visto como fonte de pressão. A projeção de inflação, naquele ano, mostrava que 2010 terminaria com IPCA em 5,9%, mas que o movimento de alta era passageiro e o reajuste de preços recuaria gradativamente até o primeiro trimestre de 2012, quando alcançaria o centro da meta, de 4,5%. O quadro não se confirmou. Passados quatro anos, a inflação seguiu na trajetória contrária, o BC se viu obrigado a revisar suas projeções e, agora, o mercado vê crescer o risco de estouro do teto da meta, de 6,5%. Ao comparar os relatórios de inflação de dezembro de 2010 – após a eleição de Dilma -, com o último documento divulgado pela autoridade monetária, em setembro deste ano, houve deterioração dos indicadores e nenhuma das projeções do BC se concretizou. “O Banco Central acreditou demais na política fiscal e talvez não enxergasse que a gestão das contas públicas chegasse ao ponto que chegou”, argumentou o professor de finanças da Fundação Dom Cabral Haroldo Mota. “Essa variável pode ter atrapalhado as projeções do BC”, disse.

Victor Martins, Agência Estado
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