Foto: Montagem Política Livre
Paulo Souto (DEM) e o governador Jaques Wagner (PT) 20 de outubro de 2014 | 08:17

Os pré-ministeriáveis da Bahia, por Raul Monteiro

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Quando se organizam e mobilizam para ajudar seus respectivos candidatos na disputa à Presidência da República, o governador eleito, Rui Costa (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (PSDB), miram não apenas na perspectiva de estabelecerem uma relação colaborativa com o governo federal de altíssimo nível, que signifique a abertura de torneiras para investimentos na Bahia e em Salvador, bem como na possibilidade de indicarem quadros que os ajudem diretamente na complexa operação de trazer recursos do poder central para suas gestões.

A postura dá uma medida do grau de dependência de dinheiro federal por parte do Estado e do município, embora, como vem alardeando, o prefeito tenha procurado azeitar a máquina municipal de tal forma, desde que assumiu, que está sendo possível governar com relativa autonomia financeira – administrando as questões de custeio e promovendo investimentos pontuais na cidade sem precisar sujeitar-se aos impassíveis, senão adversários, calendários administrativos petistas dos governos estadual e federal – e uma saudável independência política, evidenciada ainda mais nesta campanha.

É líquido e certo, na hipótese de reeleição de Dilma Rousseff (PT), que Rui Costa não só manterá os canais abertos com o governo federal, dando continuidade ao mesmo nível de relacionamento que hoje possui com a administração central o atual governador, Jaques Wagner, como também poderá contar com ele próprio numa eventual futura equipe da presidente. Em Brasília, estão entre os defensores de que Wagner auxilie a presidente em seu segundo governo ninguém menos do que o ex-presidente Lula, embora tudo indique que ele possa assumir um ministério de perfil mais político, outra lacuna reconhecida na gestão petista atual.

A presença de Wagner no novo ministério cumpriria o duplo papel de ajudar o novo governador e ao mesmo tempo restaurar a ideia de que a Bahia voltou a ter prestígio no governo federal, a qual se disseminou, diga-se de passagem, com o pouco empenho do atual governador em brigar por espaço nos ministérios petistas. Se fizer jus ao histórico do grupo do qual emergiu, liderado por décadas por seu avô, ACM Neto com certeza não se contentará apenas com um ministério no eventual governo do amigo Aécio Neves, cujo esforço para eleger em Salvador tem recebido destacado reconhecimento do PSDB e do DEM em todo o país.

Dado como certo está que, embora o prefeito venha constituindo, nos moldes do avô, uma equipe de jovens e talentosos auxiliares de perfil essencialmente técnico, encabeçará sua lista, como oferta de colaborador, a figura do ex-governador Paulo Souto (DEM), que acaba de sofrer uma segunda derrota ao governo do Estado, mas é um quadro de reconhecida e testada competência administrativa, com chances de aproveitamento amplas em qualquer ministério que requeira conhecimento, dedicação e espírito público.

Artigo publicado originalmente no Tribuna da Bahia*

Raul Monteiro
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