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Elmar Nascimento, líder das oposições na Assembleia, promete CPI para apurar denúncias 22 de setembro de 2014 | 08:14

Seria o “mensalão baiano”?, por Raul Monteiro

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As primeiras denúncias contra o Instituto Brasil, acusado em reportagem desta semana da revista Veja de servir como duto para irrigar campanhas de petistas na Bahia, partiram da Assembleia Legislativa ainda no primeiro governo do PT no Estado. Foi por meio de deputados como Elmar Nascimento (DEM), Paulo Azi (DEM) e João Carlos Bacelar (PTN) que o Ministério Público teve acesso às informações preliminares contra o que, segundo eles, seria um bem estruturado esquema de desvio de dinheiro público para favorecer planos eleitorais, políticos e até pessoais de petistas.

A novidade da reportagem, entretanto, está contida no depoimento da presidente da ONG, Dalva Sele Paiva, que, por ocasião do surgimento das acusações, quase sete anos atrás, negou que existissem, mas agora apresenta detalhes sobre como os contratos com a administração petista, que deveriam resultar na construção de casas populares, transformaram-se num bem fornido esquema para favorecer alguns dos expoentes máximos do petismo local. Os novos dados chegaram a dar novo ânimo à promotora Rita Tourinho, que declarou à própria publicação ter visto nas declarações de Dalva provas para apurar as suspeitas que a levaram a iniciar as investigações.

É claro o oportunismo eleitoral da denúncia, mesmo para quem não é do PT. Ela surge simplesmente a 15 dias das eleições. Petistas que não negam nem acreditam na existência dos desvios argumentam que, desde a eclosão do escândalo, lá atrás, o nome de Rui Costa, candidato do PT ao governo, nunca fora sequer sido mencionado, diferentemente do caso dos outros “companheiros” citados na reportagem. Teria seu nome sido incluído pela presidente do Instituto Brasil só para atrapalhar a campanha majoritária do partido na Bahia? É sabido que Dalva teria caído em desgraça desde o fechamento da instituição, em 2010, em decorrência das investigações.

Foi depois de o governo do Estado ter resolvido fechar as torneiras para o Instituto Brasil. Na Assembleia Legislativa, onde as denúncias foram originadas, comenta-se que muito antes das declarações à revista ela teria andado se queixando de que fora abandonada pelo partido e por muita gente dele que ajudara a eleger e a dar vida boa. Chamava-os todos de ingratos. E não poucas vezes foi vista chorando como se tivesse entrado em desespero. São todas, obviamente, informações que apenas o aprofundamento das investigações por parte do MP e da polícia, favorecidos agora pela delação da dona do Instituto, podem esclarecer.

Todos os nomes relacionados pela presidente da ONG negaram à revista Veja qualquer participação no esquema, assim como prometeram processar Dalva. Mas, apesar da campanha que esvaziou o Parlamento local, a bancada de oposição vai protocolar, hoje, um pedido de abertura de CPI para convocar Dalva a prestar esclarecimentos na Casa, revela o deputado estadual Elmar Nascimento, líder oposicionista na Assembleia. A idéia é colaborar ainda mais com as apurações do MP e provar, na visão de Elmar, que o PT criou o que ele e seus colegas de oposição passaram a chamar de “mensalão baiano”.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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