Foto: Valter Pontes
11 de setembro de 2014 | 09:38

Mudanças com Souto ou Rui, por Raul Monteiro

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Qualquer que seja o sucessor do governador Jaques Wagner (PT), a máquina administrativa do Estado vai passar por mudanças profundas no ano que vem. As alterações são, naturalmente, mais esperadas numa eventual gestão Paulo Souto (DEM), cabeça da chapa de oposição que lidera as pesquisas de intenção de voto ao governo. Mas, mesmo na hipótese de sair vencedor o candidato do PT, Rui Costa, hoje o segundo colocado nas sondagens sobre a sucessão, elas deverão ocorrer de forma mais radical do que se imagina, visto que o petista representa um projeto de continuidade.

Para não assustar eleitores no funcionalismo, o candidato do DEM tem evitado falar sobre seus planos para a operacionalização de um governo democrata, mas no seu grupo é dado como certo o enfrentamento de dois problemas logo de cara no caso de ele ser o escolhido para governar a Bahia nos próximos quatro anos: o primeiro deles é a crise financeira, que o governo nega, mas cujos sinais são evidentes na avaliação da equipe do candidato. O outro é o tamanho da máquina, que deverá passar por uma reforma administrativa na qual a diminuição do número de secretarias será o principal ponto da pauta.

Gestor testado, Souto já admitiu ao seu grupo mais próximo de colaboradores que o Estado precisa de um choque de austeridade, cuja necessidade, em sua avaliação, é ainda mais premente por causa do cenário econômico adverso que se vislumbra para o país em 2015, independentemente de quem venha a ser o novo presidente da República, e de um vício tradicional das administrações petistas – o aparelhamento da gestão por nomes predominantemente do partido. Nas discussões sobre o futuro governo, uma preocupação tem emergido na equipe do candidato do DEM.

Trata-se da dificuldade que já se percebe para a identificação de quadros à altura dos desafios que deverão ser colocados à nova administração. Caso se eleja, o ex-governador enfrentará também uma prova de fogo. Como esta será a primeira vez que ele será forçado a exercer um governo de coalizão, terá que em alguma medida se submeter a imposições da base partidária na escolha da equipe, embora os mais próximos sentenciem desde já que dificilmente ele abrirá mão de critérios claramente técnicos para escalar seu governo.

A ideia, negada por próceres do PT, de que no curso da atual campanha Rui se afastou em algum plano do mentor de sua candidatura, Wagner, é incensada pelos sinais que o petista oferece a quem quiser ver em seu próprio partido de que, caso ganhe a eleição, vai dar o mais rápido possível sua própria cara a uma eventual administração. As escolhas que fez para a equipe de campanha, além do prestígio que confere a quadros novos do petismo dentro dela, seriam uma demonstração de que não vai manter um colaborador sequer de Wagner em seu governo.

*Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia

Raul Monteiro
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