Foto: Montagem Política Livre
Souto e Rui: disputa acirradíssima na reta final 25 de setembro de 2014 | 09:48

Dificuldades extras na campanha, por Raul Monteiro

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Não há como negar que a surpreendente delação da presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva, garantindo que a ONG era usada para irrigar ilegalmente bolsos e projetos eleitorais de petistas atingiram o eixo da campanha de Rui Costa (PT) ao governo. Ainda que no curso das apurações que o Ministério Público faz desde 2009 sobre o esquema seu nome nunca tenha sido citado nem tenha entrado no rol das investigações, como atestou, em documento, a promotora Rita Tourinho, Rui foi obrigado a readequar toda a sua comunicação desde a publicação de um extrato da reportagem no site da revista, no último sábado.

Não só reposicionou o programa no horário eleitoral para se defender, como vem sendo forçado a se explicar nas entrevistas que concede e a rebater e atacar todas as acusações que são dirigidas ao partido, situação que só piorou depois que, desconsiderando toda a estratégia de defesa montada pelo PT de forma a classificar as denúncias como eleitoreiras, ou destinadas a prejudicar a campanha do seu candidato a governador, o senador petista Walter Pinheiro foi pego, no áudio de uma conversa que teve com o repórter de Veja, responsabilizando a sigla pelas ilegalidades, ou seja, legitimando as acusações.

A questão é saber até que ponto a colocação de Rui numa postura defensiva na campanha pode ou não abalar a consolidação de uma visível melhora nos índices de suas intenções de voto que vem sendo apontada pelo Ibope e pelo Babesp, mais conhecido por DataNilo, dadas as suas ligações com o presidente da Assembleia Legislativa, o governista Marcelo Nilo (PDT), cuja credibilidade, exatamente por este motivo, é questionada pela oposição. É voz corrente na campanha petista que o escândalo em nada abala o sentimento do eleitorado cativo do PT, há muito tempo distante da classe média com que o partido contou até a eleição de Lula à Presidência da República.

Mas é sabido também que da estratégia do petista fazia parte, neste momento, uma ofensiva sobre os municípios médios e grandes – nos quais o PT perdeu terreno substancial para a campanha do DEM encabeçada pelo candidato a governador Paulo Souto – como forma de alavancar seu crescimento na reta final da campanha, uma vez que nos pequenos seu desempenho tem se mantido no plano do desejado pelos articuladores da campanha petista. De forma que não é impossível que as denúncias venham a representar uma dificuldade extra para a conquista desse eleitorado pelo petista.

Se trouxe dificuldades extras para a candidatura de Rui, o caso do Instituto Brasil parece ter deixado em situação de tranquilidade a campanha do líder nas pesquisas Paulo Souto, onde a preocupação principal hoje é a de potencializar o favoritismo até o dia das eleições e buscar se desvincular de qualquer relação com a denunciante do Instituto Brasil – e de seu repentino desejo de entregar todos aqueles a que buscou até aqui tentar proteger -, apesar de vir explorando ao máximo, no horário eleitoral, os aspectos negativos da reportagem da revista Veja.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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