Foto: Montagem Política Livre
Lídice, Souto e Rui: terceira, primeiro e segundo colocados, de acordo com as pesquisas 15 de setembro de 2014 | 09:37

Desafios que o Ibope aponta, por Raul Monteiro

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Como bem observou o deputado federal Jutahy Magalhães Jr. (PSDB), as últimas pesquisas sobre a sucessão estadual, em especial a Ibope, divulgada pela TV Bahia, mostraram que as campanhas locais simplesmente descasaram da nacional. O fenômeno se torna mais evidente quando se analisa a situação da candidata do PSB ao governo do Estado, a senadora Lídice da Mata, que, de acordo com o Ibope, minguou, a despeito do crescimento da presidenciável de seu partido, Marina Silva, por estas disputadas plagas. O efeito Marina sobre Lídice foi até aqui praticamente nulo, segundo os levantamentos.

Mas não é apenas a situação da senadora que evidencia o descolamento entre a disputa estadual e a presidencial. O líder das intenções de voto ao governo, Paulo Souto (DEM), não sofreu qualquer abalo ante a rota descendente assumida pelo presidenciável Aécio Neves (PSDB), candidato apoiado por ele na Bahia, na mesma proporção em que Marina saltava. Da mesma forma que o candidato do PT ao governo, Rui Costa, se beneficiou pouco do abraço com a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição que oscilou para baixo também sob o efeito da primeira onda do “fenômeno Marina”.

Por este motivo, Rui tratou de corrigir logo o rumo do alinhamento a que se propunha com a presidente, preferindo o caminho seguro e testado de atracar-se ao ex-presidente Lula. O Ibope, sempre tão criticado pelos governistas, que chegaram a apelidarem-no de DataNeto, numa alusão ao prefeito de Salvador, ACM Neto, como resposta ao DataNilo, forma como os oposicionistas sarcasticamente se referem ao Babesp, instituto de confiança do governo com relações com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Marcelo Nilo (PDT), mereceu desta vez outra consideração por ter apontado o crescimento do petista.

Neste quesito, apenas reforçou o que, aliás, sinalizara, em levantamento divulgado na mesma semana passada, o questionado Babesp. Motivo de comemoração na base governista, os números do Ibope indicando a saída de Rui da inércia foram, entretanto, encarados com descrédito no campo da oposição por um motivo simples: eles apontariam, de fato, uma curva ascendente do petista, só que sobre o eleitorado de Lídice, sem afetar, em nenhuma medida, o capital contruído até agora por Souto, que parece consolidado na primeira posição da corrida sucessória.

Rui elevou-se, portanto, tragando Lídice, que, segundo o mesmo Ibope, teria perdido pontos também, embora em muito menor proporção, para o candidato do DEM. Com o esvaziamento da candidatura do PSB, o desafio de Rui seria agora crescer sobre a fatia que tenciona votar no adversário democrata como forma de dar sustentabilidade ao movimento ascendente, sob pena de chegar a um limite a que não conseguiria mais ultrapassar no prazo exíguo que separa a campanha da data das eleições. O petista e seu padrinho político, o governador Jaques Wagner, juram que conseguem.

Raul Monteiro*
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