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Lídice, Eduardo, Marina e Eliana: reviravolta causada por fatalidade na chapa 18 de agosto de 2014 | 09:35

O pós-Campos para Marina, Lídice e Aécio, por Raul Monteiro

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Sob o clima de tristeza que ainda envolve o país devido à trágica morte do jovem Eduardo Campos, cuja falta é agravada ainda mais pela carência de novas lideranças no Brasil, continuam tomando forma as especulações sobre o impacto que o inesperado falecimento do candidato a presidente da República do PSB terá na sucessão nacional e nas disputas pelos governos estaduais, especialmente aquelas enfrentadas pelo seu partido que, no caso da Bahia, apresentou como candidata a senadora e ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata. Afinal, Lídice ganha ou não com a candidatura substituta da ex-senadora Marina Silva à Presidência?

Parece consenso no PSB que a entrada em cena de Marina deve ser mais benéfica do que prejudicial à candidatura da senadora, pelo menos por dois motivos: o primeiro é que, apesar do suporte financeiro que vinha provendo à candidata na Bahia, Campos ?ainda era um candidato desconhecido do baiano, o que fazia com que, eleitoralmente, ele precisasse mais da ajuda de Lídice do que o contrário – note-se que a candidata, com pequenas variações nas últimas pesquisas divulgadas, aparece em segundo e terceiro lugar nas intenções de voto ao governo, posição que ele também detinha nas sondagens nacionais.

O segundo ponto obedece à avaliação de que, como é dado como certo que Marina resguardou seu capital eleitoral enquanto esteve na posição de candidata a vice de Campos e deve agora assumir a cabeça de chapa do PSB alavancada pelo clima de comoção que envolve o país e que, na visão de alguns, já revelou sua habilidade em manipular, há grande esperança, no seio do partido na Bahia, de que, apesar de não ser encarada exatamente como uma liderança no Estado, ela acabe ajudando a fortalecer o nome de Lídice, o que teria implicações fortíssimas sobre o quadro sucessório local, onde, a depender da pesquisa analisada, ela aparece à frente do adversário Rui Costa (PT).

É claro que tratam-se apenas de conjecturas, todas dependentes do contorno efetivo que a disputa pela Presidência e a sucessão estadual vierem a assumir a partir da oficialização do nome de Marina e do início da campanha propriamente dita, com o começo do horário eleitoral na televisão e rádio, nesta terça-feira. Ao dia de hoje, as avaliações evoluem mais rapidamente no plano nacional, onde é dado como certo que Marina chega para consolidar a realização do segundo turno, trazendo, a princípio, mais complicações para o candidato Aécio Neves (PSDB) do que para a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição.

De acordo com as análises mais conservadoras, Marina pode tanto desbancar o tucano, o que é uma probabilidade mais remota, como chegar em terceiro lugar na disputa presidencial, com o agravante, no entanto, de, neste decisivo momento do processo eleitoral, liberar seu eleitorado para votar como quiser, como já fez na sucessão anterior, abrindo mão de ajudar o segundo colocado num confronto direto com o governo, posição que todos supunham assumiria Eduardo Campos, dada sua sintonia com Aécio Neves e o forte discurso que construiu contra a gestão petista nesta primeira etapa da campanha.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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