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Evandro: da condição de vice excluído a prefeito da cidade 29 de julho de 2014 | 12:47

São Francisco: Morte de Rilza gera revolução política

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Ao assumir ontem o cargo vago com a morte de Rilza Valentim (PT), que faleceu na semana passada vítima de uma embolia pulmonar, o novo prefeito de São Francisco do Conde, Evandro Almeida, do PP, mostrou porque é conhecido na cidade como um cidadão essencialmente político. “Eu me comprometo em dar seguimento aos projetos da nossa eterna prefeita e farei o que for possível para honrar a palavra de Rilza. Vamos continuar cuidando das pessoas”, declarou ele, colocando panos quentes num verdadeiro vulcão que se ativou na cidade com o falecimento prematuro e repentino da petista.

Na realidade, a fatalidade criou as condições para uma revolução na política local. Até a morte de Rilza, Almeida tinha sido colocado por ela na geladeira, sem direito a qualquer espaço no governo, além do que a condição institucional de vice lhe garantia. Apontado desde já como um dos nomes fortes à sucessão da prefeita, que deveria se consumar apenas em 2016, ele era, entretanto, visto por Rilza como uma fortíssima ameaça a seu plano de fazer seu sucessor. A prefeita queria ver sucedê-la na Prefeitura o ex-marido Joaci de Almeida Pena, atual secretário municipal de Administração.

Não é por outro motivo que, na política local, é grande a expectativa em torno do que o novo prefeito, que é candidato natural à sucessão, fará com o ex-marido de Rilza. Os mais apressados afirmam que ele deve demitir Joaci imediatamente. Outros dizem que, de olho no espólio de Rilza, que morreu como uma liderança altamente popular na cidade, Almeida vai manter o secretário, mas completamente desidratado, ou seja, sem nenhuma autonomia na pasta – uma das mais estratégicas do município, já que é responsável por todos os contratos celebrados pela administração -, até o momento de promover a degola definitiva.

A morte da prefeita representou também uma puxada de tapete nos candidatos a deputado que esperavam contar com o seu apoio nestas eleições. Entre os mais prejudicados estão os petistas Rosemberg Pinto, atual deputado estadual, e Jorge Solla, ex-secretário estadual de Saúde, que vai disputar pela primeira vez um cargo eletivo e contava em sair do município, por meio da dobradinha com o companheiro de partido, com uma significativa votação. Como Almeida não tinha poder algum e ainda era tratado com frieza política por Rilza, eles nunca estabeleceram qualquer relação com o novo prefeito.

Em contrapartida, aproveitando o vácuo, outros parlamentares já começam a se aproximar de Almeida com o objetivo de tentar obter seu apoio nas eleições estaduais. São Francisco é uma das cidades mais ricas da Região Metropolitana por causa do recebimento de royalties da Petrobras. Qualificada intelectualmente, a professora Rilza suspendeu, com sua gestão, o noticiário tradicional que reputava a cidade como um dos grandes focos de corrupção na Bahia. Não se pode negar, em tese, preparo também ao novo prefeito, que é engenheiro de formação.

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