Foto: Manu Dias/Agecom/Arquivo
30 de junho de 2014 | 18:53

Wagner quer mudar relação com imprensa

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Depois de quase oito anos de governo, Jaques Wagner (PT) resolveu mudar sua relação com a imprensa. Na semana passada, o governador almoçou num conhecido restaurante de Salvador com dois famosos jornalistas baianos, dando início a uma série de encontros que pretende ter com formadores de opinião até o fim do seu mandato. A iniciativa marca a interrupção de um inexplicável processo de auto-reclusão a que Wagner se impôs com relação aos comunicadores assim que assumiu o comando do Estado, o que, bem computado, lhe trouxe mais prejuízos que ganhos até agora.

Desde que se encastelou no Palácio de Ondina, em 2006, depois de protagonizar uma das mais festejadas vitórias políticas por profissionais da imprensa na Bahia, Wagner assumiu uma postura relativa a jornalistas, de uma forma geral, de substantivo isolamento. Sem jamais agredir um profissional de imprensa, excluí-lo de suas relações profissionais ou constrangê-lo, um avanço se comparado a padrão que predominou na Bahia durante período, infelizmente, não tão remoto, manteve todos sob considerável distância regulamentar, jejum só quebrado em ocasiões muito raras e especiais que se contam em muito menos de cinco dedos.

O Wagner entronizado no posto de governador nem de longe lembrava o deputado federal petista e nem mesmo o ministro do governo do presidente Lula que tinha o telefone pessoal de todos os jornalistas importantes do Estado, não raro os ajudava a montar boas manchetes para seus periódicos e se credenciou como uma das mais importantes fontes jornalísticas das oposições em pleno período carlista, granjeando simpatia única na categoria. É evidente que não há termo de comparação entre o exercício da atividade de um chefe de governo e a de um legislador.

Em volume e impacto, os afazares do primeiro são infinitamente maiores do que os de qualquer parlamentar, não importa quão alto seja seu nível de produtividade. Daí que ninguém esperava que, no comando do Estado, Wagner se comportasse, pelo menos no relacionamento com a mídia, da mesma maneira que agia no período em que exerceu seus mandatos de deputado. O que seu histórico de parlamentar mostra, entretanto, é que sempre teve pleno conhecimento da importância da imprensa na divulgação do trabalho e, principalmente, na formação da imagem de qualquer político.

Só a crença, sem questionamentos, no conceito recente, mas arraigado cada vez mais no petismo, de que mídia é coisa de classe média e, portanto golpista, o qual passou a predominar no PT apenas depois que a legenda chegou ao poder central e se constituiu num partido de massas por meio de iniciativas como o bolsa família, pode explicar a postura deliberamente distante adotada pelo governador na relação com a imprensa, o que ele parece finalmente ter compreendido que não ajuda em nada a imagem de seu governo nem o projeto de continuidade que busca na Bahia.

O caso do PR

Informes chegados de Brasília dão conta de que está longe de ter satisfeito a bancada federal do PR a troca do ministro César Borges pelo baiano Sérgio Passos no comando da pasta dos Transportes. Como decorrência da briga no partido, o deputado federal José Rocha, um parlamentar ativo tanto em Brasília quanto na Bahia, perdeu a presidência da legenda no Estado, o que, pelo clima reinante na capital federal, pode acabar empurrando o partido localmente para o colo do candidato do DEM a governador, Paulo Souto. A conferir!

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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