Foto: Montagem Política Livre
Neto e Wagner lutam por seus candidatos 05 de junho de 2014 | 08:33

Wagner e ACM Neto arregaçam as mangas, por Raul Monteiro

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É o envolvimento direto das duas mais importantes lideranças políticas do momento na Bahia, uma delas em clara ascensão, que torna esta sucessão estadual verdadeiramente disputada e, mais do que isso, com potencial para ferver, principalmente nos momentos mais decisivos e próximos do processo eleitoral. O governador Jaques Wagner (PT) e o prefeito ACM Neto (DEM) deixaram seus cuidados de lado para definitivamente vestir a camisa de seus candidatos – o democrata Paulo Souto e o petista Rui Costa -, arregaçar as mangas na campanha e, inclusive, trocar farpas.

No caso de Neto, é a melhor resposta que poderia ter dado a quem duvidava ou professava a dúvida de que ele, em nome de uma boa relação institucional com o governo federal e o governador da Bahia, abriria mão de trabalhar abertamente pela candidatura de Souto. Wagner nunca foi uma incógnita neste sentido porque Rui sempre foi o seu candidato, desde o momento em que começou a refletir sobre o que faria com relação à própria sucessão, não hesitando em, na hora que considerou certa, impor seu nome ao conjunto do PT, onde vários outros candidatos se animavam, alguns influenciados por melhor desempenho nas pesquisas do que o escolhido.

Com melhor performance nas intenções de voto ao governo que Souto, fato influenciado tanto pela gestão que realiza em Salvador como pela novidade que representaria o neto de ACM governando pela primeira vez o Estado, o prefeito tem buscado colar sua imagem à do seu candidato e, claro que, na hora oportuna, deve colocar a máquina municipal para rodar na intenção do democrata, do mesmo jeito que o governador vai fazer com a que dirige, muito maior, mais influente e poderosa do que uma Prefeitura pode representar.

A maior prova do compromisso de Wagner com a candidatura de Rui é sua postura em relação ao candidato. No próprio PT, não falta quem compare a diferença de tratamento que dá ao projeto de eleger o seu ex-chefe da Casa Civil em relação a outras candidaturas que o PT apresentou no curso desses seus dois mandatos de governador, principalmente nas disputas municipais em Salvador, onde concorreram, de forma sequenciada, primeiro, o petista Walter Pinheiro e, depois, o deputado federal Nelson Pelegrino, ambos, aliás, derrotados.

De fato, não há registro de discursos ou falas de Wagner tão contundentes contra os adversários como as que ele já começou a proferir, em defesa da candidatura de Rui, a ponto de fazer o prefeito ir a público revidá-las no ponto em que considerou seu grupo atingido. A agressividade do governador é proporcional ao seu interesse em manter o PT no poder na Bahia com alguém umbilicalmente ligado a ele, capaz de defender seu legado tanto na campanha quanto na administração, um ponto que norteou sua escolha por Rui desde o princípio.

Case

Apontado como o papa da administração, Peter Drucker, se vivo fosse, poderia transformar num case digno de análise o episódio envolvendo a demissão do secretário estadual de Justiça, Almiro Sena, acusado de assédio sexual e moral por um grupo de servidoras do Estado. Depois de sangrar por mais de uma semana em decorrência da formalização da denúncia e da decisão do MP baiano, onde é promotor, de abrir um procedimento para investigá-lo, Almiro finalmente pediu demissão após ouvir, na tevê, um apelo do governador Jaques Wagner (PT) para que deixasse o governo. Há que se vê na história se na Bahia tem precedente.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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