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Luiz Caetano é conhecido pela sinceridade com que se posiciona no PT 19 de junho de 2014 | 17:21

O candidato Rui na visão de Caetano, por Raul Monteiro

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O ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), tem se dedicado de tal forma a sua campanha no interior, com visitas e permanência prolongada em vários municípios baianos, que passou a ser convocado com alguma regularidade ao Palácio de Ondina a fim de relatar suas impressões sobre o que vê e escuta a respeito do projeto do governador Jaques Wagner (PT) de fazer do deputado federal petista Rui Costa seu sucessor. Como faz com algumas cabeças coroadas do petismo e do grupo de partidos aliados, Wagner quer saber se as avaliações de Caetano sobre o desempenho de Rui e suas perspectivas de ganhar a eleição batem com as dele.

Caetano não é um interlocutor qualquer. Além de prefeito por duas vezes de Camaçari, onde sua popularidade e a determinação com que se lançou às eleições municipais de 2012 garantiram ao seu secretário de Administração, Ademar Delgado, a chance de sucedê-lo, coordenou a última campanha vitoriosa de Wagner ao governo do Estado, condição que lhe garantiu ainda mais proximidade com o governador. A sinceridade com que aborda as questões políticas e eleitorais do partido ampliam o respeito que Wagner devota a suas idéias e opiniões.

Por este motivo, as críticas de Caetano à comunicação do governo, tornadas públicas em diversos encontros partidários, e principalmente no período em que tentou se viabilizar como candidato do PT a governador, nunca foram repelidas. Pelo contrário, encontraram guarida em vários setores da legenda e da própria administração, todos ressentidos com a falta de visibilidade a ações que consideravam verdadeiramente impactantes, mas em relação às quais não viam repercussão, situação que tem cobrado agora seu preço ao plano de continuidade petista.

A menos de 10 dias da convenção que oficializará a candidatura do PT ao governo, Caetano faz avaliações que têm tido razoável impacto na sigla. A primeira delas é um reconhecimento. Ele não se preocupa, por exemplo, em dizer, para quem quiser ouvir, que o candidato do DEM ao governo, Paulo Souto, conseguiu organizar bem sua campanha. A medida, para o petista, no entanto, está longe de assegurar a vitória às oposições, como seus destacados representantes não se cansam de repetir. Para Caetano, existem dois divisores de água na campanha que acaba de ser iniciada.

O primeiro deles é o horário na TV, quinhão no qual Rui sai de cara bem compensado por causa do tempo de seu próprio partido e daquele pertencente ao grupo de aliados. O segundo é a forte presença que o governador e o ex-presidente Lula terão na defesa da candidatura do petista na Bahia. Para Caetano, o diferencial de Rui em relação a outros candidatos que apostaram no apoio do governador e do ex-presidente da República é que seu marketing já identificou que não basta dizer que o candidato ao governo pertence ao mesmo time deles.

Em sua avaliação, por conhecer a administração por dentro, pelas escolhas que têm feito até agora na campanha e a maneira como encara o desafio de governar a Bahia, Rui tem chances de ser identificado efetivamente como uma novidade pelo eleitorado, ponto que os petistas consideram fundamental na diferenciação em relação ao seu principal adversário, que lidera as pesquisas. Mas, para que não pareça que Caetano perdeu o perfil sincero: quando perguntado sobre a coordenação da campanha de Rui, ele não nega que precisa de mais suavidade, incorporando um político à tarefa, do mesmo jeito como funcionou a de Wagner.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

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