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Deputado federal Marcos Medrado (SDD) 29 de maio de 2014 | 09:14

Marcos Medrado e a mercadoria por entregar

exclusivas

Tudo indica que o deputado federal Marcos Medrado enrascou-se de vez. Presidente do Solidariedade, partido novo criado nacionalmente pelo deputado federal Paulinho da Força (SP), que também acumula sua presidência nacional, Medrado prometera a entrega da agremiação à campanha do petista Rui Costa, que encabeça a chapa governista à sucessão estadual. Em troca, ele pode rapidamente indicar ao comando da Bahiatursa, empresa pública responsável pela promoção do turismo baiano, seu filho, Diogo, sem qualquer tradição de atuação ou experiência no setor.

A operação era vista como tão importante para o governo, que, para satisfazer Medrado, o governador Jaques Wagner (PT) removeu da direção da Bahiatursa seu amigo do peito Fernando Ferrero, personagem tão íntima sua que havia lhe emprestado até o paletó para a posse no seu primeiro mandato de deputado federal. Ocorre que Medrado negociou o apoio do Solidariedade sem lastro. Desde o início, se dizia, aqui mesmo nesta Tribuna, que o partido tendia na Bahia na direção do apoio à candidatura ao governo do democrata Paulo Souto e que Medrado não teria força para marchar na direção contrária.

E o presidente do Solidariedade negava. Negava, inclusive, as implicações decorrentes do fato de Paulinho da Força ter fechado o apoio nacional da agremiação à campanha presidencial do tucano Aécio Neves, cujo representante nesta eleição na Bahia é Souto. Continuou negando tanto que parece ter convencido até o governador. Agora, o problema está criado para Medrado e Wagner. Com o aval de Paulinho, a maioria da executiva estadual do Solidariedade, liderada pelo deputado federal Arthur Maia, assinou um documento convocando uma reunião para a próxima semana cujo objetivo será anunciar o apoio a Souto.

A condição para Medrado não sofrer nenhuma retaliação e permanecer no comando do Solidariedade é ficar quietinho e seguir a maioria do partido no apoio à campanha do democrata, na Bahia, e do tucano Aécio, nacionalmente. Sem o tempo de TV que o Solidariedade possui para emprestar à campanha de Rui, o presidente do partido valerá pouca coisa, apesar de continuar sendo uma liderança política respeitada no Subúrbio, região que, nos bons tempos, deu-lhe prestígio e força suficientes para que fosse escolhido por ACM para vice na chapa vitoriosa de Antonio Imbassahy à Prefeitura de Salvador.

Wagner poucas vezes foi tão rápido no toma lá da cá como agiu com o presidente do Solidariedade. Ante o compromisso de Medrado de o partido apoiar o seu candidato a governador, rapidamente deu ao filho dele o controle de um órgão estratégico para a Bahia. O governador fez sua parte, ao que parece, sem se preocupar com o que se falava a boca pequena sobre a pouca força interna do presidente da agremiação. Falta agora Medrado fazer a sua, entregando a mercadoria que dissera possuir. Como as chances de fazê-lo são, ao dia de hoje, consideradas mínimas, a questão agora é saber o que Wagner fará com o rebento de Medrado na Bahiatursa quando o Solidariedade lhe escapa.

Tese

Uma das principais lideranças nacionais do PSDB, o baiano Jutahy Magalhães está no time dos que exultaram com a pesquisa Ibope sobre a sucessão estadual que confere a liderança das intenções de voto ao democrata Paulo Souto. Ele achou muito frágil o argumento do PT, que rebateu os números lembrando da campanha de 2006, quando Souto também aparecia liderando e perdeu a eleição para Jaques Wagner. Entre os vários argumentos que elencou como resposta à tese petista, Jutahy lembrou que hoje a candidatura de Souto é natural, decorrente de um clamor popular identificado nas pesquisas, ao passo que o nome do PT foi imposto, inclusive, no próprio partido.

*Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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