Foto: Arquivo/Max Haack
ACM Neto: dormindo com um trio elétrico por dia até a decisão final 24 de fevereiro de 2014 | 08:55

O Carnaval como alívio para situação e oposição

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Seguindo a máxima segundo a qual o ano só começa mesmo depois do Carnaval, as principais lideranças políticas da Bahia guardaram para depois da folia de Momo as principais decisões relativas à sucessão estadual. Tanto no campo das oposições quanto no da situação o Carnaval se transformou num ótimo lenitivo para evitar conflitos em decorrência de decisões complexas ou que possam machucar aliados, permitindo que elas possam ser postegardas em benefício da harmonia interna de ambos os grupos políticos.

Na área do governo, a decisão principal diz respeito à escolha do candidato a vice na chapa do chefe da Casa Civil do governo baiano, Rui Costa, nome do PT e do governador Jaques Wagner à sucessão estadual. O cargo é disputado por dois aliados de peso do governismo estadual: o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, cujo partido, o PDT, aderiu ao projeto de eleger Rui quando o pedetista ainda pensava em concorrer ao governo, e o PP, liderado na Bahia pelos deputados federais João Leão e Mário Negromonte, candidato declarado no partido à vice.

O desafio consistirá em Rui e Wagner conseguirem escolher entre Nilo e Mário aquele que mais agrega eleitoralmente à campanha sem afastar dela o excluído, uma operação dificílima dado o perfil dos concorrentes, capaz de ser colocada em prática realmente só depois do Carnaval, mais por uma questão de estratégia para ganhar tempo do que porque pode acontecer qualquer fato no período digno de alterar o curso das definições que já se sabem terem sido tomadas internamente, embora estejam protegidas do público.

A situação se repete no âmbito das oposições, onde coube ao prefeito ACM Neto (DEM), a partir do momento em que deixou claro que não concorreria sob hipótese nenhuma ao governo, apesar de aparecer liderando com folga empolgante todas as pesquisas de intenção de voto à sucessão estadual, a dura tarefa de escolher o melhor nome para enfrentar o candidato do PT. Neto tem duas opções à frente: escolher o democrata Paulo Souto ou o líder peemedebista local, Geddel Vieira Lima, que de uma hora para outra envolveram-se numa renhida disputa para assumirem o posto de candidato.

Por lhe terem delegado a escolha, o prefeito sabe que tem em suas mãos um grande poder, acompanhado de uma grande responsabilidade. Sua opção, como no caso da situação, pode ferir suscetibilidades capazes de comprometer, inclusive, o palanque da sua reeleição, em 2016, principalmente no caso do PMDB, já que em seu partido sua nova candidatura à Prefeitura de Salvador é natural e não tem quem lhe tire o direito de redisputá-la tanto do ponto de vista da legitimidade quanto da força eleitoral com que deverá chegar lá.

O dilema de Neto reside em que, apesar de lhe terem passado a tarefa da decisão, os partidos que a aguardam parecem internamente já estar definidos com relação ao melhor nome para enfrentar o petismo e não escondem isso de ninguém. Costurar a escolha levando em conta esta premissa e as informações que lhe chegam permanentemente em relação ao que é melhor será sua principal atividade durante a festa que começa esta semana, na qual ele terá que dormir com um barulho semelhante ao de um trio-elétrico até, finalmente, se pronunciar.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

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