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Senadora Lídice da Mata encontrou apoio de peso para candidatura 25 de novembro de 2013 | 07:53

Chegada de Eliana torna candidatura de Lídice irreversível

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A baiana Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, como corregedora nacional de justiça, fez história ao enfrentar publicamente o prosaico corporativismo da magistratura brasileira admitindo, numa atitude de profundo destemor, que existem no país bandidos de toga e, pela dinâmica que imprimiu ao CNJ, pode ser apontada como a heróica precursora do início do processo de moralização do Judiciário brasileiro que está atingindo irremediavelmente a Justiça da Bahia, resolveu pregar uma peça de portentoso tamanho no mundo político regional.

Depois de ser tema de muito buxixo, Eliana decidiu que vai filiar-se ao PSB para concorrer à vaga no Senado que a Bahia renovará em 2014, como antecipou na semana passada o site Política Livre. Antes de tomar a decisão bombástica, que será oficializada e publicizada em momento oportuno, Eliana teve uma conversa séria com o presidente nacional do PSB, governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República Eduardo Campos, com o líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), e com a senadora Lídice da Mata, com a qual se reuniu muito mais de uma par de vezes em Brasília.

Foram dias de consulta ponderada e debates em tom muito afável dos quais tomariam parte, em alguns momentos, a amiga e ex-senadora Marina Silva (AC). Os contatos culminaram com a determinação da ministra, que se aposenta no ano que vem, de, avaliando prós e contras, decidir enfrentar pela primeira vez o desafio de concorrer a um cargo eletivo, num concurso, para ela, absolutamente novo, onde questões de mérito pessoal adquirem outro valor. A iniciativa de Eliana terá, de pronto, dois grandes impactos no esquema que se desenhava para as eleições majoritárias no Estado.

A par de constituir uma mexida considerável nas arrumações que se faziam com vistas à disputa para o Senado, na qual agora ingressa como um player de peso mobilizando o chamado voto de opinião urbano ou a classe média propriamente dita, que estava visivelmente órfã de um nome para a vaga, a maior repercussão da atitude de Eliana recai sobre a candidatura ao governo de Lídice da Mata, que até aqui parecia claudicar entre a pressão de Eduardo Campos e a gratidão ao esquema político do governador Jaques Wagner (PT), na chapa de quem ela se elegeu em 2010.

O ingresso de Eliana no barco pilotado por Lídice torna a candidatura ao governo do PSB irreversível. Não mais porque a quer imensamente Campos, desejoso de um palanque confiável na Bahia aos seus planos de disputar a Presidência da República, agora reforçado, também por obra sua, com a presença de um nome imaculado do ponto de vista ético e político como o de Eliana. Afinal, para a candidata ao governo do PSB, se fazer acompanhar de Eliana, engrandecendo o debate sobre a Bahia e sua representação política e administrativa, é um ânimo e um reforço considerável, além de inesperado.

Fato é que Lídice não está agora mais sozinha para enfrentar a truculenta disputa eleitoral. Não precisa mais buscar ser a candidata de Wagner na expectativa de que o governador se convença de que em seu partido, o PT, infelizmente não floresceu ninguém com mais potencial do que ela para representá-lo na sucessão estadual. Tampouco precisa se colocar como uma alternativa de oposição feroz a um governo com o qual vem coloborando desde o início. Por outro lado, como senadora cujo mandato acaba em 2018, agora turbinada por Eliana, não tem nada a perder em oferecer ao distinto eleitorado baiano mais uma opção, naturalmente alternativa, ao que só se vê na Bahia.

* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

Raul Monteiro*
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