Foto: Divulgação/Arquivo
Alan pode ter sido apenas o porta-voz da indignação que toma conta do Legislativo 28 de agosto de 2013 | 11:13

Wagner é pressionado a afastar secretários-candidatos

exclusivas

Os ataques dirigidos pelo deputado estadual Alan Sanches (PSD), na sessão de ontem, à presença na administração estadual de virtuais candidatos à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados sintetizou uma revolta existente hoje no Legislativo baiano com relação à situação. Aliás, nada impede que Alan tenha feito as queixas em plenário a pedido de um grande número de colegas que se consideram ameaçados pela condição superior de secretários estaduais que, investidos no papel de membros destacados do governo, já começaram a cuidar de suas pré-campanhas para o ano que vem.

Na avaliação dos deputados estaduais, para ficar em condições de igualdade com eles, os secretários-candidatos teriam que abrir mão de seus cargos imediatamente. Como o governador Jaques Wagner (PT) não quer antecipar o problema da substituição de colaboradores agora, estabeleceu como prazo de desincompatibilização em seu governo o mês de dezembro próximo na tentativa de aplacar a indignação. Trata-se de uma antecipação e tanta, uma vez que, pela legislação eleitoral, exatamente para evitar abusos, os agentes públicos devem deixar seus cargos apenas em maio do próximo ano.

O anúncio, entretanto, parece não ter surtido efeito. “Não dá. É muito tempo. Queremos que os secretários-candidatos deixem o cargo logo. E o discurso de Alan ontem não foi fato isolado. Outros virão e, num momento em que o governo precisa da Assembleia”, diz, em tom ameaçador, um deputado governista igualmente irritado com o quadro de favorecimento de que os secretários que são candidatos desfrutam na administração. “Eles (os secretários-candidatos) estão em franca campanha. Viajam pelo interior, visitando nossas bases e seduzindo nossos prefeitos porque têm a máquina na mão”, diz outro parlamentar.

Segundo ele, como não é possível impedir o comportamento “usurpador” dos secretários-candidatos, a alternativa é levar o governador a afastar a todos que são candidatos da máquina administrativa imediatamente. “Não pense que este prazo estabelecido por Wagner de dezembro vai resolver o problema. Ou ele afasta logo a todos que estão nesta batida, trabalhando às claras pela eleição deles e desestabilizando a base dos deputados do governo, ou terá muitos problemas na Assembleia ainda”, completa o mesmo deputado, referindo-se à crise financeira que ameaça o governo.

Leia também:  Governista faz denúncia contra Bobô na Assembleia

Raul Monteiro
Comentários