29 de junho de 2013 | 11:11

Juventudes partidárias lideram manifestações em Salvador

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Basta participar de dois ou três encontros de manifestantes em Salvador para identificar a presença das mesmas caras em destaque, compondo mesas em assembleias ou puxando gritos de guerra com megafones durantes os protestos. Boa parte destes jovens militantes integram as chamadas juventudes partidárias, uma espécie de estágio inicial na trajetória de poder para os jovens filiados aos mais diversos partidos políticos do Brasil.

Não seria novidade se estes partidos se aproveitassem da influência da juventude dentro do movimento estudantil para conduzir as manifestações. Foi o que aparentemente aconteceu no sábado passado, exatamente há uma semana, durante o terceiro ato do movimento Passe Livre de Salvador.

Encabeçado por militantes de partidos alinhados ao governo do Estado da Bahia, o movimento saiu do Campo Grande em direção ao Iguatemi, cercado por policias militares e seguindo o itinerário decidido em uma assembleia onde os eles próprios eram maioria, contrariando a vontade de muitos manifestantes que decidiram seguir para a Fonte Nova e entraram em confronto com a PM.

Durante o “trajeto da paz”, que seguiu pelo Vale do Canela, Garibaldi e Av. ACM, os “pelegos”, como eram chamados os jovens militantes, se esforçavam para afastar o movimento dos possíveis locais de enfrentamento com a polícia, nos acessos à Vasco da Gama e ao Alto de Ondina, residência oficial do governador Jaques Wagner, para onde setores mais radicais dos manifestantes pensaram em rumar.

A ação dos “pelegos” era entendida e apoiada pela maioria como uma questão de segurança, mas ocultava o interesse do Estado em evitar uma possível ação da Polícia Militar, que teria repercussão negativa posteriormente. Não adiantou.

Ao chegar no Iguatemi o protesto, conduzido pacíficamente durante todo o percurso, foi surpreendido por uma ação surpresa da tropa de choque da PM. Alegando ter sido alvo de pedradas e rojões de vândalos infiltrados no movimento, eles dispararam aleatoriamente bombas de efeito moral e tiros de borracha, atingindo até quem não tinha envolvimento com a manifestação e despertando a ira dos revoltosos, que transformaram o Iguatemi numa praça de guerra.

“Fomos conduzidos como bois ao abate. Eles confiaram o movimento à PM e ela agradeceu com gás lacrimogênio”, desabafava um manifestante enquanto se recuperava do efeito das bombas. O movimento foi dispersad sem cumprir o objetivo final e principal, que era pedir o passe livre para a população na porta do shopping, deixando um rastro de destruição que serviu somente como ponto negativo para o próprio Movimento Passe Livre.

Mário Pinho
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