07 de julho de 2012 | 18:47

Uma CPI programada para fracassar (Editorial)

brasil

Frustrado o plano de um grupo do PT de instalar a CPI do Cachoeira para manipulá-la a fim de ajudar mensaleiros e tentar emparedar a imprensa profissional, a comissão passou a ser um trambolho do qual o governo tenta se livrar.

Tem obtido êxito até agora. Criada a partir de duas operações da Polícia Federal, Monte Carlo e Las Vegas, a CPI reúne farto material para empreender uma ação histórica no Congresso contra a infiltração do crime organizado nos poderes republicanos. E por isso ela não evolui.

O esquema do contraventor goiano Carlinhos Cachoeira, investigado pela PF, parece bem conectado com a gestão do tucano Marconi Perillo, em Goiás, mas também com a administração do petista Agnello Queiroz, em Brasília, assim como no Congresso — vide Demóstenes Torres — e em meandros da administração federal responsáveis por contratar obras. Neste braço do esquema está a empreiteira Delta. Há, ainda, registros de contatos no Judiciário e no Ministério Público.

O material levantado pela PF, repleto de registros de ações criminosas, muitas na esfera da subtração do dinheiro público, mereceria um profundo trabalho de garimpagem, pela CPI, na reconstituição desta enorme trama montada a partir do contraventor.

Assim, seria possível propor alterações de legislação para evitar a repetição dos delitos. Tudo ilusório. Mas espera-se, pelo menos, que a Justiça e o MP consigam desmentir a ideia de que no Brasil reina a impunidade, ainda mais quando se trata de punir poderosos ou pessoas articuladas com poderosos.

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O Globo
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