Em cerimônia oficial, Lula pede votos para Paes

Lula voou para o Rio nesta quarta. Ao lado do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, inaugurou uma via rápida de ônibus que inclui um túnel batizado de “Vice-presidente José Alencar.” Como de hábito, o ex-soberano discursou. Também conforme a sua praxe pessoal, injetou eleição numa cerimônia supostamente administrativa. Pediu votos para Eduardo Paes, candidato à reeleição. Na campanha passada, quando Paes obteve seu primeiro mandato, Lula hesitara em apoiá-lo. Agora, dá-lhe suporte mais explícito. “Em 2008, Paes era um cidadão que eu pouco conhecia. Por não conhecer, eu tinha dúvida. Mas fui convencido pelo Sérgio Cabral. Não me arrependo de ter pedido voto e farei isso de novo em 2012 com muito mais convicção.” Em verdade, Lula conhecia Paes muito bem. E foi por conhecê-lo que o apoio de 2008 foi envergonhado. Naquela época, Paes era um cristão novo do PMDB. Vinha do PSDB. Tivera atuação destacada na CPI dos Correios, a comissão que investigou o mensalão. Sob plumagem tucana, Paes brindara Lula com o epíteto de “chefe” da quadrilha dos mensaleiros. De resto, para irritação da mulher de Lula, Marisa Letícia, atacara com esmero o filho do casal, o Lulinha, que recebera aporte de R$ 5 milhões da Telemar na sua Gamecorp, empresa de jogos eletrônicos. A conversão de Paes ao governismo e a crescente simpatia de Lula provam: em política, nada se cria, nada se transforma. Tudo se ajusta às conveniências.