19 de maio de 2012 | 19:57

Vaccarezza: no peito de assassinos da verdade também bate um coração

brasil

A mensagem enviada por Cândido Vaccarezza a Sérgio Cabral, interceptada pelo SBT, é sobretudo um caso de polícia: o deputado federal do PT promete ao parceiro do PMDB que Fernando Cavendish não será interpelado na CPI do Cachoeira sobre as relações mais que perigosas entre a Delta e o governador do Rio.

A promessa foi cumprida na mesma quinta-feira. Cabral pode dormir tranquilo e desfrutar sem sobressaltos das noitadas em Paris. A Turma do Guardanapo escapou de mais uma.

A prova material do crime não se limita a reiterar que o parlamentar paulista trata a pontapés os valores morais, as normas éticas, os bons costumes e o Código Penal. Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, o recado cafajeste também desmascara um impiedoso inimigo da língua portuguesa.

O sumiço dos dois pontos entre preocupe e você, por exemplo, denuncia o torturador da gramática. E a amputação do s na última palavra do “nós somos teu” avisa que Vaccarezza juntou-se ao chefe Lula na guerra de extermínio movida contra o plural.

Não é pouca coisa. E não é tudo. A menção ao PMDB revela que o acasalamento do PT com o maior partido da base alugada atravessa outra zona de turbulência.

Em contrapartida, o tom do recado confirma que a seita já não considera obrigatório o casamento consanguíneo. Até a descoberta do mensalão, os devotos só podiam manter relacionar-se afetivamente com gente do rebanho.

Transferida do templo das vestais de araque para o bordel da base alugada, a companheirada foi liberada para cair na farra com qualquer parceiro.

Antes do escândalo do mensalão, Vaccarezza não escaparia da expulsão sumária por ter cometido dois crimes hediondos: adultério interpartidário e violação do primeiro mandamento da seita, enunciado de meia em meia hora por José Dirceu: “O PT não róba e não deixa robá”.

Agora rouba e deixa roubar. Defeito virou virtude. Não existe pecado do lado de baixo do Equador. Só é feio perder eleição. E bandidos de estimação não podem ser sequer convidados a explicar-se em CPIs.

Nesta sexta-feira, Vaccarezza nem ficou ruborizado com a descoberta de que no peito da bandidagem também bate um coração. Tranquilo como todos os condenados à impunidade, acariciou o PMDB com uma imaginosa reinterpretação da mensagem.

“Vai azedar, podia azedar… ali foi um momento de irritação meu”, fantasiou. E se negou a discutir a relação com Cabral. “Eu não quero declarar. Isso é uma correspondência privada. Eu não vou contribuir para mostrar a outra parte da conversa. É uma correspondência privada entre duas pessoas”.

Leia a íntegra em Vaccarezza: no peito de assassinos da verdade também bate um coração

Blog de Augusto Nunes
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