19 abril 2024
Não demorou muito para se dissipar a expectativa positiva de que a CPI do Cachoeira poderia resultar em algum avanço no combate à corrupção. Às críticas à noticiada intenção do governo e partidos alinhados de limitar as investigações sobre a teia montada pelo contraventor goiano nos três poderes, o relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), reagiu com veemência.
Em artigo publicado no GLOBO, garantiu que as investigações seriam as necessárias para desvendar as relações (de Cachoeira) “com esferas de governo e seus mandatários, parlamentares, corporações empresariais e funcionários de tais corporações”.
A promessa, porém, não será cumprida na primeira fase da CPI, definida na semana passada. As atenções estarão voltadas apenas à atuação do esquema na Região Centro-Oeste.
Cachoeira está na relação dos depoentes, mas dela não consta um elo que parece chave no esquema, Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, ligada à máfia de Cachoeira.
Há indícios de que Congresso e Executivo temem um depoimento franco de Cavendish. Afinal, alguém que diz, em conversa gravada, que põe milhões de reais nas mãos de político para conseguir o que quer deve ter sido protagonista de muitas cenas picantes nos bastidores das finanças da baixa política.
Também por ter sido a Delta a maior empreiteira do PAC, o empresário frequentou com assiduidade gabinetes brasilienses. Talvez pelo bom relacionamento no poder, o empreiteiro tenha recebido o tratamento VIP de ter sua construtora absorvida pela holding J&S, beneficiária de crédito subsidiado do BNDES, acionista da principal empresa do grupo, o frigorífico JBS.
Leia a íntegra em Temor de políticos ameaça CPI
O Globo